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Relatores advertem sobre “fechamento do espaço digital” durante pandemia BR

Grupo afirma que o distanciamento físico levou as interações humanas para o mundo virtual, que deve garantir a promoção e proteção dos direitos humanos.
Pnud Uruguai/Pablo La Rosa
Grupo afirma que o distanciamento físico levou as interações humanas para o mundo virtual, que deve garantir a promoção e proteção dos direitos humanos.

Relatores advertem sobre “fechamento do espaço digital” durante pandemia

Direitos humanos

 Em comunicado conjunto, especialistas dizem que internet se tornou “vital para salvar vidas”; grupo participou de conferência anual sobre direitos humanos na era digital “RightsCon”, a primeira realizada inteiramente online.
 

A pandemia da Covid-19 e as medidas de combate à doença aumentaram a dependência de plataformas digitais como meio de contato entre as pessoas. 

Segundo um grupo de seis especialistas em direitos humanos* da ONU, a internet se tornou vital para salvar vidas, levar informação e evitar abusos, entre outros pontos.

Ele também será secretário-geral assistente do Escritório de Tecnologia da Informação e Comunicações
Pandemia da Covid-19 e as medidas de combate à doença aumentaram a dependência de plataformas digitais como meio de contato entre as pessoas. FotoÇ Ocha/Gema Cortes

Vigilância ilegal

O grupo, que inclui o relator sobre o direito à liberdade de expressão, David Kaye, afirma que os países continuam usando a internet e outras tecnologias digitais para reprimir quem tem opiniões diferentes, exercer vigilância ilegal e privar indivíduos de sua capacidade de ação coletiva tanto no mundo virtual como no real. 

Os relatores manifestaram preocupação com o rápido aumento de padrões de abuso surgidos sob as medidas de combate à pandemia.
Para eles, existe um “padrão repetitivo de fechamento do espaço digital” durante a crise da Covid-19.

As declarações ocorrem após a participação dos especialistas na conferência sobre direitos humanos na era digital “RightsCon”. 
O grupo afirma que o distanciamento físico levou as interações humanas para o mundo virtual, que deve garantir a promoção e proteção dos direitos humanos. Além disso, a internet deve ser segura, barata, universal e aberta a todos.

Protestos 

O comunicado ressalta que as “tecnologias digitais são agora o lugar onde os cidadãos vivem num momento jamais visto” e por isso não devem ser usadas pelos governos e por empresas para restringir liberdades fundamentais, reduzir o espaço cívico, alvejar a sociedade civil incluindo defensores de direitos humanos.

Os especialistas debateram na conferência lições aprendidas com a pandemia como tecnologias de vigilância dos internautas, de coleta de dados e segurança, discriminação racial e ataques na internet aos direitos humanos e a movimentos de protestos.

Muitas vezes recebemos mensagens de pessoas em quem confiamos, mas cuja origem ou veracidade não é possível determinar à primeira vista.
ONU News/Elizabeth Scaffidi
Muitas vezes recebemos mensagens de pessoas em quem confiamos, mas cuja origem ou veracidade não é possível determinar à primeira vista.

Assassinatos por drones

Somente este ano, os especialistas em direitos humanos apresentaram vários relatórios e enviaram cartas a países em todo o mundo para tratar de tecnologias digitais e desigualdade racial, liberdade de expressão durante a pandemia, assassinatos deliberados por drones, direito à reunião e associação na era digital.

Para eles, o abismo entre compromissos assumidos e a prática deve receber ainda mais escrutínio à medida que a ONU se aproxima de seu aniversário de 75 anos.

*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário por sua atuação.