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Com mais de 7,7 milhões de casos nas Américas, pandemia não mostra sinais de desaceleração BR

Algumas populações, como povos indígenas, estão mais vulneráveis às consequências da pandemia
Paho/Karen González Abril
Algumas populações, como povos indígenas, estão mais vulneráveis às consequências da pandemia

Com mais de 7,7 milhões de casos nas Américas, pandemia não mostra sinais de desaceleração

Saúde

Diretora-geral da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, destacou exemplo de países que conseguiram controlar Covid-19; agência irá lançar ferramenta que permite aos Estados-membros analisar dados sobre pessoas de alto risco e personalizar respostas.

Até terça-feira, as Américas contabilizaram 7,7 milhões de casos e 311 mil mortes por Covid-19. Na última semana, foram registrados quase 900 mil novos casos e 22 mil mortes. 

Falando a jornalistas esta terça-feira, a diretora-geral da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, Carissa Etienne, afirmou que “a pandemia não mostra sinais de desaceleração na região.” 

Regiões 

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No Brasil, já foram confirmados mais de 2 milhões de casos e cerca de 80 mil mortes. O país continua sendo a segunda nação com mais casos, depois dos Estados Unidos. 

Carissa Etienne afirmou, no entanto, que nem todos os países têm o mesmo comportamento. O Canadá, por exemplo, conseguiu controlar o vírus. Países do Caribe também implementaram restrições e controlaram surtos, retomando agora viagens não essenciais. 

Por outro lado, a maioria dos países da América Central está registrando seus maiores aumentos semanais. Na América do Sul, os países estão tendo um aumento significativo de casos. 

A chefe da Opas mencionou ainda a situação da gripe comum. Segundo ela, houve uma circulação muito baixa do vírus, sugerindo que as medidas de higienização e distanciamento social também podem contribuir para a redução de outros vírus respiratórios. 

Vulneráveis

Etienne citou pesquisas mostrando que condições como diabetes, doenças renais, hipertensão, HIV e tuberculose aumentam o risco de ter um caso grave de Covid-19. Infelizmente, disse a chefe da Opas, muitas dessas condições são comuns nas Américas, o que deixa a região mais vulnerável.

Segundo a agência, existem 43 milhões de pessoas em alto risco, casos que precisariam de hospitalização se contraíssem o vírus. Dentro desse grupo, os homens têm duas vezes mais chances de ter um caso grave. 

Nas próximas semanas, a Opas lançará uma ferramenta que foi desenvolvida com a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. O instrumento permitirá que os governos analisem dados específicos de seus países para proteger populações vulneráveis. 

Segundo Carissa Etienne, "saber quem está em risco ajudará os países a desenvolver estratégias para proteger essas pessoas." Medidas como isolamento voluntário podem ajudar a reduzir mortes e preservar a capacidade dos serviços de saúde.

Outras doenças

O alerta foi feito pela diretora-geral da Opas, Carissa Etienne
Chefe da Opas, Carissa F. Etienne, anunciou lançamento de nova ferramenta para ajudar países a escolher suas estratégias, OMS/C. Black

Com o aumento dos casos, muitos sistemas de saúde carecem de pessoal, espaço e suprimentos. Essas interrupções estão atrasando tratamentos para pacientes com câncer e doença renal crônica. Pessoas com diabetes estão ficando sem insulina.

Com a nova ferramenta, os países também podem adaptar sua resposta para proteger certos grupos. Podem ainda emitir orientações específicas para pessoas vulneráveis, como manter contato regular com profissionais de saúde. 

Etienne afirmou que "este também é o momento de contar com amigos e familiares para realizar tarefas e minimizar saídas de suas casas” Tanto quanto possível, as pessoas devem manter uma rotina saudável, com exercícios regulares e alimentos nutritivos.

Para a diretora-geral da Opas, a pandemia "pôs à prova a determinação e solidariedade” das sociedades, mas “também lançou uma luz sobre doenças que atormentam a região há décadas, algumas há mais de um século."  

Segundo ela, o impacto dessas doenças na propagação do vírus “deve ser um alerta para todos os países das Américas: usem dados para personalizar sua resposta e tornem a saúde uma prioridade."