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40 milhões de crianças sem acesso ao pré-escolar devido a crise de saúde BR

Ingfah Chommeelap, na direita, e sua irmã mais velha na vila Baan Muang Pam, na Tailândia. Ensino nestas idades é fundamental para desenvolvimento da criança.
Unicef/UN0161378/Metee Thuentap
Ingfah Chommeelap, na direita, e sua irmã mais velha na vila Baan Muang Pam, na Tailândia. Ensino nestas idades é fundamental para desenvolvimento da criança.

40 milhões de crianças sem acesso ao pré-escolar devido a crise de saúde

Direitos humanos

Novos dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, mostram impacto da pandemia em escolaridade essencial para desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças; menos da metade dos países oferece programas pré-escolar gratuitos por pelo menos um ano.

Pelo menos 40 milhões de crianças em todo o mundo perderam um período crítico de pré-escola devido à Covid-19, de acordo com novos dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.

Em comunicado, a diretora executiva da agência, Henrietta Fore, afirmou que as interrupções “estão impedindo as crianças de começar a educação da melhor maneira possível.”

Criança usa máscara em Joanesburgo, na África do Sul.
Criança usa máscara em Joanesburgo, na África do Sul. Com fechamento de escolas, muitos pais ficaram sem opções para deixar os filhos, Unicef/Shiraaz Mohamed

Ameaça

Para ela, “a educação infantil constrói uma base sobre a qual todos os aspectos do desenvolvimento infantil dependem.” Com a pandemia, “essa base está sob séria ameaça.”

Estes serviços são essenciais para fornecer às crianças proteção, estímulo e nutrição. Ao mesmo tempo, é nesses anos que se desenvolvem capacidades sociais, emocionais e cognitivas importantes ao longo da vida.

Os bloqueios deixaram muitos pais tentando equilibrar o cuidado dos filhos e seus trabalhos, com um maior peso para as mulheres que, em média, gastam três vezes mais tempo em cuidados e tarefas domésticas do que os homens.

Serviços 

Antes da pandemia, mais de 35 milhões de crianças com menos de cinco já ficavam sem a supervisão de um adulto. Muitos pais tomavam essa decisão devido a serviços inacessíveis, de baixa qualidade ou pouco seguros.

Dos 166 países estudados, menos da metade oferece programas pré-escolar gratuitos por pelo menos um ano. Entre os países de baixa renda, o número cai para apenas 15%.

A diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, contou que as medidas de combate à doença aprofundaram a situação de pobreza de milhões de crianças.
Para Henrietta Fore, "a pandemia está piorando ainda mais a crise global de assistência à infância." Foto Unicef/ Christine Nesbitt

Em casa, muitas crianças pequenas não recebem os brinquedos e o apoio necessário para um desenvolvimento saudável. Em 54 países de baixa e média renda, cerca de 40% das crianças com idades entre 3 e 5 anos não estavam recebendo estímulo socioemocional e cognitivo de nenhum adulto.

A falta de opções também deixa muitos pais, principalmente mães que trabalham no setor informal, sem outra opção a não ser levar os filhos para o trabalho. Mais de nove em cada 10 mulheres na África e quase sete em cada 10 na Ásia e no Pacífico trabalham no setor informal.

Investimento

Segundo o Unicef, “o acesso a cuidados infantis de qualidade e acessíveis é fundamental para o desenvolvimento das famílias e de sociedades socialmente coesas.” A agência defende cuidados desde o nascimento até a entrada na primeira série.

Em relação a governos e patrões, o Unicef oferece orientação sobre como podem melhorar suas políticas, como licença parental paga para todos os pais, opões de trabalho flexíveis, investimento na força de trabalho e sistemas de proteção social.

Para Henrietta Fore, "a pandemia está piorando ainda mais a crise global de assistência à infância." Segundo a chefe do Unicef, "as famílias precisam do apoio de seus governos e patrões, para enfrentar esta tempestade e proteger a educação e o desenvolvimento de seus filhos."