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OMS preocupada com aumento de casos de Covid-19 em indígenas nas Américas BR

 Dois homens da etnia Eñepa transportam vacinas para o ambulatório rural de San José de Kayamá, na Venezuela, em fevereiro de 2020.
© Unicef/Alejandra Pocaterra
Dois homens da etnia Eñepa transportam vacinas para o ambulatório rural de San José de Kayamá, na Venezuela, em fevereiro de 2020.

OMS preocupada com aumento de casos de Covid-19 em indígenas nas Américas

Saúde

Em entrevista a jornalistas, chefe da Organização Mundial da Saúde informou que mais de 2 mil indígenas morreram da pandemia e pelo menos 70 mil haviam sido contaminados até 6 de julho; mundo tem cerca de 500 milhões de indígenas em 90 países.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que o aumento do número de casos de Covid-19 entre povos indígenas está preocupando a agência da ONU.

Em entrevista a jornalistas, em Genebra, sede da Organização Mundial da Saúde, Tedros disse que apesar da Covid-19 representar um risco para indígenas em todo o mundo, a situação é “profundamente preocupante” nas Américas que permanecem o “epicentro da pandemia”.

Tedros Ghebreyesus disse que a incapacidade do mundo em fornecer vacinas aos países pobres é “um fracasso global”
Tedros disse que apesar da Covid-19 representar um risco para indígenas em todo o mundo, a situação é “profundamente preocupante” nas Américas que permanecem o “epicentro da pandemia”. Foto: OMS/Christopher Black

Pobreza

Até este 6 de julho, mais de 70 mil indígenas haviam sido contaminados e pelo menos 2 mil pessoas tinham perdido a vida para a doença nessa região.

Em todo o mundo, existem 500 milhões de indígenas em 90 países. Para Tedros, os povos indígenas, quase sempre, arcam com o alto fardo da pobreza, do desemprego, má nutrição, doenças transmissíveis e doenças crônicas. E segundo ele, tornam-se ainda mais propensos ao novo coronavírus e aos perigos da doença.

Ele citou o povo Nahua, que vive na Amazônia peruana, e que notificou seis casos de Covid-19. A Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, está atuando com autoridades locais para conter a propagação do novo coronavírus em cooperação com o coordenador das organizações indígenas da Bacia Amazônica.

Ao comentar algumas medidas de combate à pandemia, o diretor-geral da OMS recomendou o rastreamento de contatos. 

Aplicativos

Tedros disse que o rastreamento é essencial em qualquer país e qualquer comunidade no combate à doença. 

O chefe da OMS lembrou que com a reabertura da economia, o rastreamento se faz ainda mais necessário, e que é parte de um pacote mais abrangente de medidas contra a pandemia.

A agência da ONU ressaltou a ajuda de aplicativos de celulares, que podem apoiar com informações, mas acredita que nada substitui o contato no terreno com trabalhadores de saúde, de porta em porta, para ajudar a quebrar a cadeia de transmissão na pandemia.

A Organização Mundial da Saúde também recomenda respostas rápidas a novos casos de contaminação e de focos, à medida que os países se recuperam da pandemia. 

Organização Pan-Americana da Saúde alerta sobre perigo de novos surtos de sarampo, catapora, rubéola, difteria e outras doenças por falta da vacina.
Unsplash
Organização Pan-Americana da Saúde alerta sobre perigo de novos surtos de sarampo, catapora, rubéola, difteria e outras doenças por falta da vacina.

Rastreamento e vacina

A agência lembra que o rastreamento é a base do enfrentamento de surtos como varíola, poliomielite, ebola e agora Covid-19.

Tedros disse que quando o vírus do ebola foi notificado, no ano passado, na cidade de Butembo, na República Democrática do Congo, governos, OMS e parceiros investiram no rastreamento isolando casos suspeitos e tratando os doentes.

Para o chefe da OMS com uma liderança forte, envolvimento da comunidade e uma estratégia abrangente de supressão do vírus, é possível salvar vidas e conter a Covid-19.

Ela afirmou que a agência continuará atuando para acelerar a chegada de uma vacina contra a pandemia, mas não pode esperar pela imunização para evitar mortes.

Um dos médicos da OMS, Michael Ryan, foi perguntado sobre os avanços anunciados, nesta segunda-feira, em duas candidatas à vacina, entre elas o ensaio da Universidade de Oxford. Ele saudou o trabalho dos cientistas que atuam nos testes do projeto de imunização e desejou boa sorte aos colegas que participam da missão.