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No Conselho de Segurança, Angelina Jolie pede ação contra violência sexual BR

Angelina Jolie na reunião do Conselho de Segurança sobre violência sexual em conflitos.
ONU/Evan Schneider
Angelina Jolie na reunião do Conselho de Segurança sobre violência sexual em conflitos.

No Conselho de Segurança, Angelina Jolie pede ação contra violência sexual

Paz e segurança

Enviada especial da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, falou sobre sofrimento de crianças vítimas de crimes cometidos pelo grupo terrorista Estado Islâmico ou Daesh contra a minoria Yazidi, no Iraque.

O Conselho de Segurança realizou um debate de alto nível sobre violência sexual e conflito. O encontro foi organizado pela República Dominicana como parte da agenda Mulheres, Paz e Segurança.

Vários ministros das Relações Exteriores dos países-membros do Conselho juntaram-se à representante especial do secretário-geral sobre violência sexual em conflito, Pramila Patten, para chamar a atenção para o problema agravado pela pandemia do novo coronavírus.

Representante especial do secretário-geral da ONU sobre Violência Sexual em Conflito, Pramila Patten.
Representante especial do secretário-geral da ONU sobre Violência Sexual em Conflito, Pramila Patten. Foto ONU/Manuel Elias

Promessas vazias

Dentre os participantes estava a atriz Angelina Jolie, que atua com a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, há cerca de 20 anos.

Jolie contou que falava em nome das crianças, que segundo ela são geralmente esquecidas nessa situação. Para a atriz, as resoluções do Conselho de Segurança, se não passarem das palavras à ação, tornam-se apenas “promessas vazias”.

Ela lembrou que a resolução 2467 adotada, no ano passado, foi primeira a colocar os sobreviventes de violência sexual em conflito no centro das ações.

Angelina Jolie afirmou que ao não executar a resolução, os países quebram as promessas. Ele contou que visitou vários sobreviventes menores de violência sexual e de violência doméstica, de traumas e abusos em todas as viagens ao terreno que fez.

Crianças deslocadas e adultos que fugiram de áreas controladas pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil.
Unicef/Soulaiman
Crianças deslocadas e adultos que fugiram de áreas controladas pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil.

Países e continentes

A atriz lembra que todos os continentes e países são afetados por esse problema. A enviada especial do Acnur falou sobre crianças vítimas do grupo terrorista Estado Islâmico ou Daesh, que foram sequestradas escravizadas e torturadas. O grupo alvejou milhares de mulheres e crianças.

Angelina Jolie contou que muitos menores foram assassinados, mas cerca de 2 mil conseguiram retornar à casa. Muitos sofrendo de estresse, ansiedade e depressão.
Várias crianças testemunharam o assassinato de parentes e estupros das próprias mães.

Mulher yazidi, em campo de deslocados internos no Iraque, depois de ser raptada pelo Isil.
Giles Clarke/Getty Images
Mulher yazidi, em campo de deslocados internos no Iraque, depois de ser raptada pelo Isil.

Retórica

Um dos médicos ouvidos pela atriz que atendia centenas de mulheres Yazidi afirmou que quase toda a paciente que ele atendeu entre 9 e 17 anos havia sido estuprada ou vítima de outros atos de violência sexual. Em alguns casos, as vítimas tinham de 6 a 9 anos de idade.

Angelina Jolie pediu mais recursos para as áreas de assistência às vítimas de violência sexual e conflito e mais apoio para os trabalhadores humanitários e defensores de direitos humanos que ajudam sobreviventes ao redor do mundo.

A enviada especial concluiu pedindo ao Conselho de Segurança que faça um novo compromisso com os termos da resolução aprovada, no ano passado, que inclui sanções aos autores de crimes de violência sexual em conflito.  Para ela, é hora de passar da retórica à ação e todos os países podem fazer mais.