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ONU pede US$ 10,3 bilhões para combater Covid-19 e alerta para risco de letargia

Entidades da ONU pedem apoio humanitário e recuperação que cheguem aos mais necessitados.
Unicef/Mulugeta Ayene
Entidades da ONU pedem apoio humanitário e recuperação que cheguem aos mais necessitados.

ONU pede US$ 10,3 bilhões para combater Covid-19 e alerta para risco de letargia

Ajuda humanitária

Coordenador de Assistência Humanitária, Mark Lowcock, disse aos países do G-20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, que é preciso agir agora para evitar     “série de tragédias” mais brutais e destrutivas que o próprio impacto do vírus.

As Nações Unidas lançaram um apelo de US$ 10,3 bilhões para combater o novo coronavírus.  O apelo é parte do Plano Global de Resposta Humanitária à Covid-19.

Em comunicado, o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Ocha, informou que a pandemia e a recessão global deverão causar o primeiro aumento nos índices de pobreza desde 1990. 

O chefe humanitário, Mark Lowcock alertou para a iminência de “múltiplas” situações de falta de alimentos e fome.
Lowcock alertou para série de tragédias mais brutais e destrutivas que os impactos diretos do vírus, Foto: ONU/Loey Felipe

Causas evitáveis

Existe ainda o risco de que 265 milhões de pessoas possam chegar ao ponto de passar fome até o fim deste ano.

O coordenador humanitário da ONU, Mark Lowcock, disse ao G-20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, que a falta de ação agora poderá levar a uma “série de tragédias mais brutais e destrutivas que os impactos diretos do vírus”. O apelo será usado para o combate à pandemia em países de baixa renda e nações consideradas frágeis.

Segundo Lowcock, sem uma ação de mitigação, a crise da Covid-19 pode matar até 6 mil crianças por dia de causas evitáveis. O remanejamento de recursos da saúde para tratar a pandemia pode ainda dobrar as taxas de mortalidade por doenças como Aids, tuberculose e malária.

Fogo cruzado

Até esta quinta-feira, o mundo tinha mais de 13,3 milhões de casos confirmados da Covid-19, e pelo menos 580 mil mortes. 

Na semana passada, a região de Idlib, que está sob um pesado fogo cruzado na Síria, notificou o seu primeiro caso da pandemia aumentando receios de um surto arrasador em acampamentos de deslocados internos, que já estão superlotados. 

A situação é grave ainda num outro país árabe. Com o colapso do sistema de saúde no Iêmen, por causa do conflito, o pessoal dos hospitais está lutando para conter a doença. Até agora, pelo menos 25% das pessoas que contraíram o vírus no Iêmen morreram. A média é cinco vezes superior às taxas globais de óbitos pela doença.

 Mãe usa estação de lavagem de mãos em Tamale, no Gana
Mãe usa estação de lavagem de mãos em Tamale, no Gana, UNICEF

O subsecretário-geral, Mark Lowcock, acredita que a falha em agir agora permitirá com que o vírus continue rondando o globo destruindo décadas de desenvolvimento e criando uma geração que passará os problemas adiante.

Para ele, o problema pode ser resolvido com fundos de nações desenvolvidas e com novas formas de pensar de interessados e de instituições financeiras internacionais além de apoiadores e agências da ONU. Ele citou ainda o suporte do Crescente Vermelho e da Organização Cruz Vermelha além de ONGs pelo mundo.

Lowcock afirma que os países ricos aprovam medidas para proteger as suas próprias economias da crise e devem fazer o mesmo para ajudar as nações que precisam de auxílio.

ONGs

O plano Global de Resposta Humanitária à Covid-19 é o principal veículo da comunidade internacional para lidar com os impactos humanitários da pandemia em países de rendas baixa e média. A iniciativa também apoia a luta contra a doença e é uma parceria da Organização Mundial da Saúde e outras agências da ONU. 

ONGs e outras organizações têm sido fundamentais na concepção e entrega do plano e poderão acessar os fundos através da proposta.

Dentre os beneficiados estão idosos, pessoas com deficiência, mulheres e crianças e deslocados internos. A pandemia tem aumentado os níveis de discriminação, desigualdade e violência de gênero.

Desde o lançamento do plano em 25 de março, já foram entregues mais de US$ 1,7 bilhão.

A atualização do apelo para mais de US$ 10 bilhões quer socorrer 63 países e cobrir o sistema global de transporte do auxílio necessário para a entrega da ajuda.

Refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil, protegidos contra pandemia de Covid-19
© UNHCR/Felipe Irnaldo
Refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil, protegidos contra pandemia de Covid-19