Alta comissária da ONU quer resposta urgente para crise econômica no Líbano BR

Chefe para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, dia que é preciso agir imediatamente “antes que seja tarde demais”; país está à beira do colapso econômico com a moeda nacional perdendo mais de 80% de seu valor; em abril, 75% dos libaneses precisavam de ajuda.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, alertou para o impacto da crise socioeconômica sobre a população do Líbano.
Ela pediu ao governo, aos partidos políticos e ao setor financeiro que cooperem para garantir a proteção dos mais pobres e vulneráveis. Em abril, três quartos dos libaneses estavam precisando de ajuda para sobreviver
Em comunicado, a ex-presidente do Chile destacou a situação de libaneses vulneráveis e grupos, como refugiados e trabalhadores migrantes, dizendo que “eles estão cada vez mais incapazes de atender às suas necessidades básicas.”
Para Bachelet, “a situação está se descontrolando rapidamente, com muitas pessoas já com carências e passando fome."
Os vários choques econômicos, no Líbano, juntamente com o surto da Covid-19, atingiram todos os setores da sociedade. Muitos ficaram sem trabalho, perderam suas economias, poupanças e residências.
A alta comissária diz que “centenas de famílias não conseguem colocar comida na mesa.” A situação está piorando com a redução das importações de alimentos e medicamentos, porque a desvalorização da moeda do país, a libra libanesa, aumentou o custo dos produtos importados.
A crise econômica, juntamente com as medidas de controle da pandemia levaram um terço dos libaneses a perderem o emprego. Muitos mais devem ser lançados para o setor informal.
Desde outubro, a libra perdeu mais de 80% de seu valor, milhares de empresas fecharam. E os apagões de energia tornaram-se frequentes.
Michelle Bachelet lembra que "desemprego impulsiona a pobreza e o endividamento." Num país sem subsídio de desemprego e poucas medidas de segurança social, “a crise de desemprego tem implicações graves."
Em outubro do ano passado, uma série de protestos mostrou a insatisfação dos libaneses com o que chamaram de “má administração do Estado, a corrupção e os impasses políticos.”
O Líbano acolhe 1,7 milhão de refugiados e 250 mil trabalhadores migrantes. Muitos migrantes perderam o emprego, não foram pagos, ficaram sem abrigo, não conseguem pagar cuidados de saúde ou enviar remessas para suas famílias.
Para Bachelet, o mundo deve responder à pandemia e à crise socioeconômica, “incluindo e protegendo todos, independentemente de seu status migratório."
A alta comissária pediu reformas urgentes aos partidos e líderes políticos, com prioridade para necessidades essenciais como alimentação, eletricidade, saúde e educação. Também apelou a uma maior assistência da comunidade internacional.
Agora que o alerta sobre a situação foi feito, Michelle Bachelet afirma que a comunidade internacional precisa "responder imediatamente antes que seja tarde demais."