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ONU diz que apoio a jovens empreendedores gera benefícios e empregos BR

Ellen Chilemba, fundadora e CEO da Tiwale, uma organização comunitária liderada por jovens no Malauí.
Tiwale
Ellen Chilemba, fundadora e CEO da Tiwale, uma organização comunitária liderada por jovens no Malauí.

ONU diz que apoio a jovens empreendedores gera benefícios e empregos

Desenvolvimento econômico

Em relatório, Departamento Econômico e Social pede a governos para remover barreiras à juventude como acesso a fundos para criação de start-ups; taxa de desemprego entre jovens é maior que entre adultos; empregadores jovens tendem a dar chance a mais desfavorecidos na sociedade.
 

As Nações Unidas pediram a governos em todo o mundo que eliminem barreiras para a juventude empreendedora. 

Num relatório, divulgado nesta quinta-feira, o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, Desa, revela que iniciativas sociais podem contribuir para gerar postos de trabalho para os jovens, beneficiar economias em várias partes do mundo, e avançar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs. 

Segundo a ONU, a taxa de desemprego entre os jovens é maior que a dos adultos.
Segundo a ONU, a taxa de desemprego entre os jovens é maior que a dos adultos. Foto: Lin Qi

Perdas econômicas

Muitos jovens encontram barreiras para acessar fundos e empréstimos na hora de criar pequenas empresas, start-ups, ou empreendimentos sociais. Os obstáculos vão desde a sistemas regulatórios à falta de apoio técnico. 

Um jovem empresário também se depara com dificuldades para obter treinamento, rede de contatos e acesso aos mercados, que acabam desanimando esses potenciais empreendedores.

As conclusões constam do Relatório Mundial da Juventude 2020. Sob o título, Empreendedorismo Social da Juventude e a Agenda 2030, o documento revela que as empresas e negócios geridos por jovens produzem lucros e transformações sociais e tendem a contratar pessoas mais desfavorecidas.

Pandemia

Segundo a ONU, a taxa de desemprego entre os jovens é maior que a dos adultos. Uma situação que tem piorado desde as perdas econômicas geradas pela Covid-19. 

Antes da pandemia, a Organização Internacional do Trabalho, OIT, calculava que 600 milhões de postos de trabalho teriam de ser criados, pelos próximos 15 anos, para se cumprir os ODSs. E a maioria desses empregos deveria ser destinada à juventude.

Atualmente, o mundo tem 1,2 bilhão de jovens entre 15 e 24 anos.  A quantidade de adolescentes e jovens é de 1,8 bilhão. 

Para as Nações Unidas, o empreendedorismo social pode criar uma via promissora para os jovens criarem uma fonte de renda e ajudarem a suas comunidades ao mesmo tempo que contribuem para implementação dos ODSs. 

OIT disse que o segundo semestre de 2020 será marcado por incertezas e uma recuperação incompleta. 
OIT/Marcel Crozet
OIT disse que o segundo semestre de 2020 será marcado por incertezas e uma recuperação incompleta. 

Inclusão

A ONU acredita que as empresas de jovens também ajudam a promover inclusão de grupos vulneráveis na sociedade. 

O subsecretário-geral para Assuntos Econômicos e Sociais, Liu Zhemin, afirma que o apoio aos jovens na criação de empresas gera um resultado positivo para todos.

Essas empresas, segundo o relatório, beneficiaram 871 milhões de pessoas em nove países da Europa e da Ásia Central em 2016.  Além disso, elas geraram serviços e produtor no valor de 6 bilhões de euros criando empregos especialmente entre os grupos sociais mais marginalizados.

A ONU acredita que as empresas de jovens também ajudam a promover inclusão de grupos vulneráveis na sociedade. 
ONU Mulheres/Joe Saade
A ONU acredita que as empresas de jovens também ajudam a promover inclusão de grupos vulneráveis na sociedade. 

Carpintaria

O secretário-geral assistente, Elliot Harris, afirma que o empreendedorismo jovem também gera criatividade e energia e transforma os jovens em agentes de mudanças.  

Harris disse ainda que o apoio ao empreendedorismo não exclui os decisores políticos da responsabilidade de formular políticas públicas especialmente de criação empregos.

O relatório da ONU apresenta casos de sucesso em países na África, na Europa e no Oriente Médio. No Malauí, por exemplo, uma empresária de 18 anos ajudou a treinar mais de 150 mulheres empreendedoras. Na Albânia, uma empresa de carpintaria também montada por jovens emprega pessoas com deficiência e na terceira idade.

A Organização Internacional do Trabalho informou que por causa da Covid-19, mais de 155 milhões de pessoas no mundo perderam o emprego apenas no primeiro trimestre do ano.