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Unicef envia suplementos para travar insegurança alimentar no sul de Angola  

Pandemia terá impacto no desenvolvimento e nos planos que previam a passagem de Angola para economia de desenvolvimento médio
© Unicef Angola/2019/Carlos César
Pandemia terá impacto no desenvolvimento e nos planos que previam a passagem de Angola para economia de desenvolvimento médio

Unicef envia suplementos para travar insegurança alimentar no sul de Angola  

Saúde

Agência quer garantir sobrevivência das crianças e evitar piora da situação nutricional; cerca de 232 mil menores de cinco anos sofrem desnutrição; região teve recorde nacional de temperaturas altas dos últimos 45 anos. 

A seca no sul de Angola fez subir para mais de 56 mil, o número de famílias que enfrentam insegurança alimentar. Em tempos de pandemia, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, anunciou a entrega de 9,6 mil caixas de suplementos nutricionais a quatro províncias. 

Para a agência, é essencial garantir que continuem os serviços para apoiar a sobrevivência da criança, incluindo o tratamento da desnutrição. Outra meta é evitar a piora da situação nessas áreas como contou à ONU News a especialista em Nutrição do Unicef em Angola, Fanceni Balde.

Governos locais 

“Irão fortalecer o funcionamento das 28 unidades especiais e nutrição e das 210 unidades sanitárias, que têm unidades de tratamento em ambulatório nas províncias de Cuando Cubango, Cunene, Huíla e Namibe. Estes donativos são de grande importância para o combate das formas mais diversas de desnutrição e dos efeitos da seca nas comunidades mais vulneráveis prevenindo um futuro agravamento da situação nutricional e aumentando a resiliência das comunidades mais afectadas.”

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A entrega dos suplementos nutricionais, anunciada esta segunda-feira, pretende reforçar os programas contra a desnutrição e as atividades dos governos locais. Mais de 10 mil crianças menores de cinco anos já se beneficiam dessas entregas. 

A agência informou que o apoio à resposta do governo para a emergência têm impacto em setores como saúde, nutrição, água, saneamento e higiene, proteção da criança, mudança de comportamento e envolvimento comunitário.  

Este ano, mais de 300 técnicos de saúde foram capacitados para fornecer serviços de desnutrição aguda. Áreas como aconselhamento em alimentação infantil e suplementação com micronutrientes para pais e encarregados de crianças pequenas também fazem parte da ajuda. 

Em 2019, a ONU e parceiros ajudaram a identificar e tratar cerca de 232 mil crianças menores de cinco anos sofrendo de desnutrição.  

Prevenção e rastreio  

Este ano, cerca de 16 mil menores de cinco anos devem ter acesso à prevenção e ao rastreio da desnutrição aguda. Outros 12 mil menores em idade escolar beneficiarão de desparasitação e suplementação com micronutrientes. 

O impacto das secas cíclicas é mais severo nas zonas semiáridas do Cunene, da Huíla e do Namibe. A situação piorou com a falta de chuvas no ano passado, que seguiu a tendência do último triénio. Esse período registou um recorde de temperaturas altas dos últimos 45 anos na região. 

Um inquérito nutricional aponta ainda uma prevalência de desnutrição aguda de 13,6% em crianças menores de cinco anos na província da Huíla. Cerca de 3% das crianças da área correm o risco de morrer devido à desnutrição aguda severa.  

No Cunene, 12,9% enfrentam essa condição e 1,7% poderão perder a vida se não forem atendidas. 

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© Unicef Angola/Carlos Louzada
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