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FAO no Brasil monitora nuvem de gafanhotos do deserto que atinge Argentina BR

Cerca de 35 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar aguda em cinco países
FAO
Cerca de 35 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar aguda em cinco países

FAO no Brasil monitora nuvem de gafanhotos do deserto que atinge Argentina

Clima e Meio Ambiente

Agrônomo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, Fernando Rati, diz que alternativas para inimizar danos incluem pulverização aérea ou terrestre; ameaças às plantações e lavouras podem prejudicar produtores rurais e comunidades locais. 

O Escritório no Brasil da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, está acompanhando a movimentação de uma invasão de gafanhotos do deserto, que ocorre no país vizinho, a Argentina. 

Segundo a mídia local, as nuvens estão se formando rapidamente e podem chegar ao estado do Rio Grande do Sul, no Brasil. A ONU News conversou com o agrônomo da Unidade de Programa da FAO, em Brasília, Fernando Rati, que falou sobre as formas de responder a esse fenômeno, que tem destruído plantações inteiras em países do leste da África, como o Quênia, e em outras partes.  

Prevenção 

FAO está usando helicópteros na África para realizar operações de combate à praga
FAO está usando helicópteros na África para realizar operações de combate à praga, by FAO/Annie Monard

“Com relação a essa onda de gafanhotos que possa atingir o Brasil nos próximos dias e nas próximas horas, o método de prevenção mais importante nesse momento é um plano de monitoramento de como está sendo o deslocamento dos gafanhotos em tempo real. Principalmente junto às autoridades dos países Argentina e Uruguai. O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento aqui do Brasil, liderado pela ministra Tereza Cristina, já tem uma equipe de técnicos e autoridades.”  
Na terça-feira, autoridades argentinas informaram que os gafanhotos do deserto haviam sido vistos na região de Santa Fé, a 250 km da fronteira com o Brasil. A informação foi dada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural e o Ministério da Agricultura da Argentina a veículos da imprensa argentina. 

O especialista da FAO contou que com a melhor forma de combater a praga é com a pulverização aérea, e citou alguns passos tomados pelas autoridades brasileiras. 

Pulverizacão 

“Eles estão monitorando em tempo real esse tema. Caso a concentração dos gafanhotos atinja o Brasil o ideal é que as regiões que serão afetadas, elas sejam notificadas com um determinado tempo hábil para tomar as devidas precauções. Sobre os métodos que nós temos hoje para o controle dos gafanhotos nós enxergamos os dois que têm a ver com a pulverização: o primeiro é a pulverização terrestre, utilizamos pulverizadores só que com otimizador em faixas que é mais efetivo. A pulverização aérea, por aviões, é mais eficiente que a terrestre."

De acordo com Fernando Rati, lidar com gafanhotos requer muita atenção fitossanitária.  

ONU
Agrônomo explica como Brasil pode se prevenir contra nuvem de gafanhotos

 

Ele destacou que é muito importante consultar o melhor ingrediente ativo a ser utilizado nesse controle e tomar cuidados com todos os seres vivos na área a ser pulverizada como acontece em outros países que passam pela invasão. 

Na Argentina, produtores do norte do país estão preocupados com a ameaça de milhares de gafanhotos do deserto arrasarem plantações e pastagens. Os danos ainda não foram calculados, mas estima-se que milhares de hectares de plantações podem ser perdidos.

Praga  

A FAO considera o gafanhoto do deserto “a praga migratória mais destrutiva do mundo”. Uma nuvem de um quilômetro quadrado desses insetos pode consumir a mesma quantidade de alimento que 35 mil pessoas em um dia.  

A preocupação da agência é com uma crise humanitária que pode vir a ser gerada por tal situação. 

Países do leste da África como Etiópia, Somália, Eritreia, Djibuti, Quênia, Sudão, Etiópia, Uganda e Sudão do Sul vivem danos causados pelo pior surto de gafanhotos do deserto em décadas. 
A situação começou em 2019 na Ásia, quando o  Iêmen, a Arábia Saudita, o Irã e parte da fronteira indo-paquistanesa viram chegar os primeiros insetos após fortes chuvas.

Um dos fatores que facilitam a praga de gafanhotos é a chuva que impulsiona a reprodução dos insetos.
FAO/Peterik Wiggers
Um dos fatores que facilitam a praga de gafanhotos é a chuva que impulsiona a reprodução dos insetos.