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Ártico aquece o dobro da média global e registra temperaturas recordes BR

Vista aérea de derretimento de geleiras na Antártica.
ONU/Eskinder Debebe
Vista aérea de derretimento de geleiras na Antártica.

Ártico aquece o dobro da média global e registra temperaturas recordes

Clima e Meio Ambiente

Cidade russa relatou 38°C no último final de semana após onda de calor iniciada na Sibéria; Ártico está aquecendo com o dobro da velocidade média global; temperaturas do ar entre 2016 a 2019 foram as mais altas já registradas.

Uma cidade russa no Círculo Polar Ártico deve ter atingido um recorde de temperatura de 38°C no último final de semana, informou a Organização Meteorológica Mundial, OMM.

A agência está confirmando a informação. Falando a jornalistas em Genebra, a porta-voz da OMM disse que os valores foram registrados na cidade de Verkhoyansk durante uma onda de calor prolongada na Sibéria e um aumento no número de incêndios florestais.

Análise

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Se as autoridades russas confirmarem a temperatura, a agência encaminhará a descoberta para uma análise detalhada por um painel internacional de especialistas.

A região da Sibéria Oriental é conhecida por extremos climáticos no inverno e no verão. Temperaturas acima de 30°C costumam ser registradas em julho.

Se o recorde for confirmado, será a segunda vez que acontece em poucos meses. Em fevereiro, o centro de pesquisa argentino Esperanza, no extremo norte da Península Antártica, verificou uma temperatura recorde de 18,4 ° C em 6 de fevereiro.

Velocidade

Segundo a OMM, o Ártico está aquecendo com o dobro da velocidade média global. As temperaturas do ar entre 2016 a 2019 foram as mais altas já registradas.

A onda de calor segue um período prolongado marcado por altas temperaturas e incêndios na Sibéria durante a primavera, que também foi caracterizada pela falta de neve.

Dados da agência mostram que, durante o mês de maio, muitas partes do território estavam cerca de 10°C acima da média. A porta-voz da OMM diz que “foi esse calor extraordinário que tornou maio o mês mais quente já registrado.”

Gelo

A descida no volume de gelo marinho também é preocupante. Uma análise da agência concluiu que no final da estação de degelo do ano passado, em setembro, a quantidade de gelo perdida estava 50% acima do valor médio dos últimos 40 anos.

Em nota, o especialista da OMM Randall Cerveny informou que “esses dados serão examinados com muito cuidado por um painel internacional de cientistas.”

Segundo ele, "o resultado final serão informações incrivelmente valiosas que ajudarão cientistas a entender melhor o clima, engenheiros e médicos a se prepararem melhor para os extremos climáticos e o público em geral a entender melhor a mudança climática."