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Governos devem liderar luta contra desinformação sobre Covid-19  BR

Criança no Ruanda estudando usando rádio, devido à pandemia
Unicef/Habib Kanobana
Criança no Ruanda estudando usando rádio, devido à pandemia

Governos devem liderar luta contra desinformação sobre Covid-19 

Saúde

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, destaca iniciativas de vários países; na Guiné-Bissau, novo site reúne jornalistas, médicos e economistas para verificar fatos sobre pandemia no país e em todo o mundo.

Os governos de todo o mundo devem acelerar a luta contra uma maré de informações falsas, inflamatórias e enganosas sobre a pandemia de Covid-19, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud.

A agência está trabalhando com instituições, mídia e sociedade civil para ajudar a lutar contra a desinformação e apoiar iniciativas que divulgam informações corretas.

Guiné-Bissau

O Pnud dá o exemplo de atividades na Somália, no Líbano e na Guiné-Bissau. Nesse país de língua portuguesa, a agência ajudou o Ministério da Saúde no desenvolvimento de um site de verificação de fatos, www.nobaschecker.org

Na página, os cidadãos podem encontrar informações confiáveis criando uma ampla comunidade de jornalistas, médicos e economistas que verificam dados sobre a pandemia no país e no mundo.

Mudança

Segundo o Pnud, os conselhos sobre a doença mudam rapidamente, e isso cria uma necessidade de informação atualizada. Nas redes sociais, fontes informais espalham medo, estigmatização, discriminação e confusão.

O Pnud cita um estudo, da Fundação Bruno Kessler, que analisou 112 milhões de postagens em redes sociais. Cerca de 40% eram não-confiáveis e quase 42% dos 178 milhões de tuítes relacionados à Covid-19 foram publicados por robôs, sistemas eletrônicos que não representam pessoas reais.

“A 'infodemia' está se espalhando e é potencialmente fatal”, alerta ONU sobre desinformação

A agência destaca ainda uma pesquisa do Reuters Institute. Ali, um terço dos usuários de redes sociais relataram ter visto informações falsas ou enganosas. Outras pesquisas sugerem que as pessoas que recebem notícias, sobretudo, por meio das mídias sociais têm maior probabilidade de serem expostas a conteúdo falso.

Responsabilidade

Em nota, o chefe da agência, Achim Steiner, disse que “o tsunami de curas enganosas, bodes expiatórios, teorias da conspiração e notícias falsas criou um ambiente de informação caótico.”

Segundo Steiner, isto “coloca em risco a eficácia das medidas de saúde pública, criando violência, discriminação, confusão, medo e, indiscutivelmente, danos sociais a longo prazo.”

O administrador afirma que os governos precisam aprender lições com as crises de HIV e ebola, rejeitar desinformação e estigma e apoiar ciência, direitos humanos e solidariedade. Para ele, “muitos atores têm a responsabilidade de combater a desinformação, mas progresso verdadeiro não será alcançado sem a liderança dos governos.”

Steiner dá ainda vários exemplos de como os governos podem atuar, destacando parcerias com grandes empresas de tecnologia, campanhas de alfabetização digital, esforços de verificação de fatos e cooperação com jornalistas.