Comissão da ONU diz que países árabes podem não atingir Objetivos de Desenvolvimento Sustentável BR

Relatório sobre implementação dos ODSs em 18 países da região revela que situação foi agravada pela pandemia de Covid-19; violência a meninas e mulheres, saúde e educação precárias, mudança climática e desigualdades econômicas entre os maiores desafios.
A Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental revela que a região não está no caminho de alcançar a Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável.
Num relatório, divulgado nesta quarta-feira, a secretária-executiva da agência, Rola Dashti, afirma que o documento é uma constatação “humilde” sobre a dificuldade de se implementar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, nos países.
O estudo pede o fim de todos os conflitos e o aumento das infraestruturas dos governos árabes para a construção de sociedades justas e pacíficas. Além disso, a agência Escwa (na sigla em inglês) apela por compromissos com os direitos humanos e pela ampliação do espaço cívico.
Dashti revela que a crise global causada pela pandemia do novo coronavírus agravou a situação, que já era crítica. Os países árabes são o único grupo regional no mundo a registrar um aumento nos índices de pobreza extrema desde 2010, principalmente por causa dos conflitos.
A dependência de importação de alimentos expõe os países às incertezas e desigualdades do comércio global e à insuficiência de comida em algumas áreas.
A Ásia Ocidental tem uma das maiores taxas de desigualdade de renda do mundo e um dos níveis mais baixos de participação das mulheres na economia. Temas como desigualdade de gênero, desemprego principalmente de mulheres e jovens continuam a ser um desafio ao cumprimento dos ODSs.
A continuidade de crises humanitárias, deslocamento e instabilidade agravam a vulnerabilidade de mulheres e meninas a todas as formas de violência. O relatório afirma que assistência de saúde e educação estão entre os desafios mais urgentes dos países árabes.
A taxa de investimento da região em pesquisa e desenvolvimento é de 60% menos que a média global. Os especialistas afirmam que existe uma série de temas transnacionais que precisam de atenção como conflitos, comércio, mudança climática, escassez de água, migração, infraestrutura e conectividade, além de biodiversidade e a proteção dos ecossistemas marinhos. E para resolvê-los é preciso haver uma resposta coordenada regionalmente.
De 1990 a 2019, por exemplo, várias secas nos países árabes afetaram mais de 44 milhões de pessoas causando perdas econômicas de mais de US$ 19,7 bilhões.
Estimativas indicam que a mudança climática na região levará à redução dos mananciais de água, produção agrícola e de rebanhos. Esses fenômenos também terão impacto sobre as florestas e os manguezais levando a um aumento de ondas de calor e de perdas de postos de trabalho na agricultura.
A chefe da Escwa acredita que mais do que nunca, é preciso realizar as mudanças necessárias para transformar essa realidade, e que esse deve ser um passo de todos: governos, legisladores, sociedade civil e setor privado.
A página da agência lista os seguintes Estados-membros: Bahrein, Egito, Iraque, Jordânia, Kweit, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã, Territórios Palestinos, Catar, Arábia Saudita, Sudão, Síria, Tunísia, Emirados Árabes Unidos e Iêmen.