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Fifa, OMS e União Europeia apoiam campanha de combate à violência doméstica BR

Em todo o mundo, uma em cada três mulheres já sofreu violência física ou sexual.
Unicef/UNI91025/Noorani
Em todo o mundo, uma em cada três mulheres já sofreu violência física ou sexual.

Fifa, OMS e União Europeia apoiam campanha de combate à violência doméstica

Mulheres

#SafeHome ou #LarSeguro quer proteger mulheres e crianças do crescente aumento de agressões dentro de casa, registrado durante a quarentena; até 38% dos assassinatos de mulheres são cometidos pelo parceiro da vítima.

A Federação Internacional de Futebol, Fifa, a União Europeia, UE, e Organização Mundial da Saúde, OMS, entraram em campo para combater a violência doméstica. Em campanha, lançada no último dia 26, as três instituições afirmaram que a iniciativa é uma resposta conjunta a um aumento dos índices de violência durante a quarentena da Covid-19.

A ONU lembra que uma em cada três mulheres no mundo sofre ou sofrerá violência - na maioria das vezes vinda de parceiros ou pessoas próximas.
ONU destaca que pandemia e medidas de enfrentamento estão levando a um aumento nos casos de violência doméstica. Foto: Unfpa/David Brunetti

Alguém íntimo

Em todo o mundo, uma em cada três mulheres já sofreu violência física ou sexual. E na maioria dos casos, a agressão parte do próprio parceiro ou alguém íntimo da vítima como algum familiar. Até 38% dos assassinatos de mulheres ocorrem pelas mãos de um parceiro.

A campanha #SafeHome ou #LarSeguro revela que 1 bilhão de crianças entre dois anos de idade e 17 foram alvos de violência física, sexual ou emocional ou de algum tipo de negligência, no ano passado. 

A iniciativa consiste de mensagens de vídeo gravadas por 15 jogadores de futebol na ativa e do passado como Álvaro Arbeloa, Rosana Augusto, Mikaël Silvestre, Kelly Smith, e Clementine Touré.

Razões

Há muitas razões para a violência doméstica incluindo desigualdade de gênero e normas sociais que apoiam as agressões. Outros fatores são experiências de abuso ou de exposição à violência na infância ou até mesmo um controle coercitivo durante a infância e a passagem para a vida adulta. O uso em excesso e danoso de álcool é um outro motivo para a violência doméstica. E uma das causas mais recentes é o estresse vivido pelas consequências da Covid-19 como instabilidade econômica. Com as medidas de distanciamento social, muitas mulheres e crianças que sofrem a violência não podem pedir ajuda a parentes, amigos e até mesmo assistentes sociais.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que a violência não pode ter espaço bem no futebol nem em casa. Já o presidente da Fifa, Gianni Infantino, lembra que a casa é um lugar, onde as pessoas devem se sentir felizes e seguras e que por isso a comunidade do futebol ajudará a conscientizar outros sobre a situação intolerável da violência doméstica que ameaça principalmente mulheres e crianças.

Diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, e o presidente da Fifa, Gianni Infantino.
OMS
Diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, e o presidente da Fifa, Gianni Infantino.

Associações

Segundo a OMS, a maioria das sobreviventes de violência doméstica, de 55% a 95%, não divulga a agressão ou busca serviços de auxílio. Já a prevalência de abuso sexual em crianças é de 18% para as meninas e de 8% para os meninos. 

O homicídio está entra as cinco maiores causas de morte de adolescentes. Meninos são 80% das vítimas e dos autores. Na América Latina, 58% das crianças passaram por algum tipo de violência sexual, física ou emocional. 

Com a campanha, os organizadores esperam que as vítimas possam ter acesso aos serviços de combate à violência. A representante da União Europeia, Mariya Gabriel, afirma que os direitos das mulheres de todos os seres humanos devem ser protegidos e ressalta que muitas vítimas não falam sobre o abuso por medo ou vergonha.

A Fifa pede a todos os membros de suas 211 associações em todo o mundo divulguem linhas de telefone locais para ajuda e apoio às vítimas. A Fifa e a OMS já cooperam na campanha “Passe a mensagem para eliminar o coronavírus” lançada em março.

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