"O tempo está a se esgotar”, alertam agências humanitárias sobre o Iêmen BR

Um grupo de 17 entidades humanitárias emitiu uma declaração nesta quinta-feira destacando que “o tempo está se esgotando” no Iêmen para manter as operações até o final do ano no país em guerra.
Mais testes e análises da Covid-19 são necessários na nação árabe que confirmou o primeiro caso da doença no início de abril. Desde então, houve 260 notificações e 54 mortes, segundo dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde, OMS.
O apelo do grupo de parceiros é que estes recursos essenciais sejam colocados ao seu dispor “para que se tenha uma imagem verdadeira da dimensão da pandemia”.
As agências destacam dados oficiais confirmando casos em 10 das 22 províncias do país, o que ilustra uma transmissão ampla. Os testes e dados continuam limitados, “mas é provável que a maioria das áreas tenha sido impactada, se não todas”.
O país vive uma crise humanitária após mais de cinco anos de combates entre forças do governo, apoiadas por uma aliança internacional, e os rebeldes de Ansar Allah, também conhecidos como houthis.
Enquanto a ONU atua em busca da paz junto aos dois lados do conflito, os parceiros dizem esperar que a conferência virtual agendada para a próxima terça-feira recolha fundos para viabilizar operações em favor de 10 milhões de pessoas.
Nos últimos anos, o foco das ações humanitárias no país foi travar a fome generalizada e ajudar a reverter o maior surto de cólera da história no Iêmen. As agências também deram ajuda às famílias que abandonaram os seus lares por causa dos combates.
O comunicado conjunto considera trágico que não haja dinheiro suficiente para continuar com esse trabalho. O receio é que as mortes aumentem muito mais, com o possível fecho de mais de 30 dos 41 principais programas da ONU no Iêmen nas próximas semanas.
A Covid-19 é mais um fator que se junta às dificuldades do sistema de saúde que se vem deteriorando. Somente metade de todas as instalações iemenitas funcionam e muitas delas não têm equipamentos como máscaras, luvas e outros. Recursos essenciais como oxigênio também são necessários para tratar a doença.
A escassez afeta ainda as áreas como saneamento e a água potável. Dezenas de profissionais operam sem equipamento de proteção na linha de frente das áreas de saúde e assistência humanitária. A maioria deles não recebe salários.
Estima-se que mais de 12 milhões de crianças e 6 milhões de mulheres em idade fértil precisem de algum tipo de assistência humanitária. Mais de 1 milhão de mulheres grávidas estão desnutridas.
Este ano, os combates forçaram quase 100 mil pessoas a fugir de suas casas. Outros 3,6 milhões de iemenitas vivem em fracas condições de saúde e lotação, o que torna impossível a prática de distanciamento físico e outras medidas para conter a Covid-19.