ONU alerta para colapso de sistema de saúde no Iêmen em meio à pandemia de Covid-19
Nações Unidas acreditam que existe disseminação generalizada da doença em todo o território; apenas metade dos centros de saúde está em pleno funcionamento; mais de 30 programas da ONU correm o risco de fechar, nas próximas semanas, por falta de financiamento.
O sistema de saúde do Iêmen, arrasado pela guerra, entrou em colapso com a tensão crescente de um surto de Covid-19, alertou a ONU.
Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, disse que o país está "à beira do limite" e que os hospitais estão recusando pacientes por falta de capacidade e equipamentos de proteção.
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Até 22 de maio, o país tinha confirmado 197 casos e 33 mortes por Covid-19. Jens Laerke disse que estes números são “preocupantes, mas a incidência real é quase certamente muito maior." A agência acredita que existe uma disseminação generalizada em todo o território.
Segundo epidemiologistas, o vírus pode se espalhar mais rapidamente e de forma mais ampla do que em muitos outros países.
Fundos
Apenas metade dos centros de saúde do Iêmen opera inteiramente. Para financiar a operação de ajuda humanitária, são necessários US$ 2 bilhões até o final do ano. A ONU e a Arábia Saudita organizam, em parceria, um evento de doadores para o início de junho.
Segundo o porta-voz do Ocha, se os fundos não forem arrecadados, os “programas que estão mantendo as pessoas vivas e são essenciais para combater a Covid-19 serão encerrados.”
Mais de 30 programas da ONU correm o risco de fechar, nas próximas semanas, por falta de financiamento. Os fundos só cobrem mais seis semanas as equipes de resposta rápida à Covid-19.
Resposta

Ao mesmo tempo, as agências de ajuda humanitária procuram ampliar o alcance, a prevenção e o gerenciamento dos casos.
Nas últimas semanas, chegaram ao país cerca de 125 toneladas de suprimentos. Mais de 6,6 mil toneladas de testes, equipamentos de proteção individual e suprimentos de cuidados intensivos deverão seguir para o Iêmen, nos próximos dias.
Funcionários de saúde internacionais também enviados à região, mas a grande maioria dos trabalhadores humanitários continua sendo iemenita.
Conflito
Esta sexta-feira, o enviado Especial da ONU, Martin Griffiths, aproveitou o final do Ramadã, o mês de jejum dos muçulmanos conhecido como Eid, para pedir que o espirito do feriado “sirva de guia para alcançar paz e estabilidade sustentáveis para todos os homens, mulheres e crianças no Iêmen.”
Griffiths pediu ainda que todas as partes digam não à guerra e comecem procurando pontos de acordo para um cessar-fogo, pelo bem do povo.
Em 2014, os rebeldes houthis, conhecidos oficialmente como movimento Ansar Allah, tomaram o controle do norte do país e da capital, Sanaa, forçando o governo reconhecido pela ONU a fugir para Áden.
Desde 2015, uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, composta principalmente por países árabes, luta contra esses rebeldes para restabelecer o controle do governo.
