Novo coronavírus pode levar à queda recorde de US$ 110 bilhões em serviços de remessa
Fundo de Desenvolvimento de Capital das Nações Unidas e Programa da ONU para o Desenvolvimento emitiram comunicado incentivando maior acesso de migrantes ao dinheiro além da facilitação de transações; Banco Mundial estima que redução de movimento seja de 20% este ano.
Entidades da ONU apoiam uma iniciativa para promover um maior acesso de migrantes a serviços de remessas internacionais durante a pandemia. A ideia é ajudar a melhorar ou reduzir custos dessas transações junto a reguladores e prestadores de serviços do setor.
O Banco Mundial prevê uma queda de cerca de 20% nas remessas globais este ano, como resultado da Covid-19 e seus efeitos econômicos. O maior declínio da história recente nesses serviços seria de cerca de US$ 110 bilhões.
Famílias
O chamado à ação Remessas em Crise - Como Mantê-las Fluindo surge para remover obstáculos permitindo que migrantes e suas famílias continuem cobrindo necessidades e serviços básicos como alimentação, moradia, educação e saúde.
A Suécia e o Reino Unido lideram a nova iniciativa que tem o apoio do Fundo de Desenvolvimento de Capital da ONU, Uncdf, e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud.
Entre os defensores da iniciativa estão a parceria global de conhecimento sobre migração e desenvolvimento, Knomad, o Banco Mundial, a Organização Internacional para as Migrações, OIM, a Associação Internacional de Redes de Transferência de Dinheiro, Iamtv, e a Câmara de Comércio Internacional, ICC.
Apesar dos efeitos da pandemia serem mais graves nos sistemas de saúde, os países de renda baixa e média podem sofrer um impacto maior na economia com o declínio nas remessas neste ano.
Efeitos colaterais
Os mentores da iniciativa defendem que essa queda pode ter grandes efeitos colaterais nas economias ao reduzir gastos com investimento e consumo. O ritmo do progresso dos países no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, também poderá baixar.
Para mitigar esses impactos, a iniciativa quer melhorar o desempenho físico e digital no setor de remessas. O foco será também em áreas como acesso a serviços financeiros transfronteiriços e em aliar os setores público e privado, especialmente fornecedores de serviços de remessas, e inovar soluções em favor de fluxos de remessas.
A secretária executiva do Uncdf, Judith Karl, aponta que as dificuldades sentidas pelos migrantes devido à Covid-19 são um problema grande nesta crise de remessas. Entre elas estão a perda de salários e empregos, muitas vezes sem redes de segurança do governo.
O declínio também se deve a problemas afetam serviços usados pelos migrantes para enviar dinheiro para casa em tempo de pandemia, incluindo restrições impostas aos prestadores de serviços e seus agentes.
Segurança social
A perda nesses serviços essenciais de financiamento é arrasadora para as famílias migrantes e os países receptores. O Uncdf e o Pnud quere, apoiar a chamada à ação “garantindo que todas as medidas estejam disponíveis para facilitar que os migrantes enviem remessas para casa.”
Para a administradora assistente do Pnud, Asako Okai, as remessas são essenciais para a resposta e recuperação da covid-19. Já a diretora de Gabinete de Crise, em países com redes limitadas de segurança social e economias menos diversificadas, essas transações “costumam servir de tábua de salvação, e mais ainda em tempos de crise”.
Okai afirma que os obstáculos no envio e recepção de dinheiro podem fazer aumentar a pobreza e insegurança social, o que desestabilizaria ainda mais as economias nacionais.
O apoio oferecido pelas entidades da ONU incentiva um ambiente regulatório e político propício, reforçando ecossistemas abertos de pagamento digital e fomentando a inovação para soluções inclusivas para migrantes.
Junto a governos e ao setor privado, a ideia é garantir que os fluxos de remessas continuem para os países e famílias mais afetados pelos efeitos do coronavírus. Outras metas são reforçar e fazer avançar a agenda de inclusão financeira para aumentar as contribuições dos migrantes para o desenvolvimento local.