Venezuela é tema de reunião no Conselho de Segurança
Subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz afirma que crise prolongada no país só poderá ser resolvida pelos próprios venezuelanos; Rosemary DiCarlo ressaltou riscos de escalada humanitária pela pandemia de Covid-19.
Tentativas para se alcançar uma solução negociada e política na Venezuela após o agravamento da crise, há quase cinco anos, fracassaram apesar dos esforços de mediação internacionais.
A solução para a crise prolongada só poderá partir dos próprios venezuelanos. A declaração é da chefe de Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo.
Oposição
Nesta quarta-feira, ela falou ao Conselho de Segurança durante uma reunião virtual sobre o impasse nas negociações para a resolução do conflito entre integrantes da oposição e o governo de Nicolás Maduro.
Ela citou um trecho da carta enviada ao Conselho de Segurança pelo governo da Venezuela, na qual foi citado que nos dias 3 e 4 de maio, “grupos armados de mercenários e terroristas treinados, financiados e protegidos pelos governos da Colômbia e dos Estados Unidos teriam entrado no país”.
A carta alegava ainda que o objetivo era assassinar autoridades venezuelanas e acusava o envolvimento do “deputado Juan Guaidó”, que é reconhecido por vários países-membros da ONU, como o “presidente interino” da Venezuela. A carta revela que 47 pessoas foram presas em 13 de maio, acusadas de participação na ação.
Emergência
Rosemary DiCarlo contou que os governos da Colômbia e dos Estados Unidos negaram qualquer envolvimento assim como o líder da oposição venezuelana. Eles pediram um governo de emergência nacional após o incidente.
A chefe de Assuntos Políticos da ONU reiterou o apelo do secretário-geral, António Guterres, para que todas as partes evitem uma escalada da situação na Venezuela e que busquem o diálogo político e o respeito aos direitos humanos para resolver a situação.
A ONU está preocupada com a falta de negociações entre as partes especialmente com os riscos da crise de saúde global provocada pela pandemia de Covid-19.
Espaço
DiCarlo lembrou que antes da suspensão dos trabalhos da Assembleia Nacional por causa do novo coronavírus, a Comissão de Aplicações do órgão era o único espaço formal de diálogo entre todos os legisladores do governo e da oposição. O país espera novas eleições para o Parlamento antes do fim deste ano.
Mas a oposição também que uma votação presidencial. A resposta da ONU à pandemia pede US$ 750 milhões para atender os mais carentes no país.
Jornalistas e líderes políticos
DiCarlo citou que o Escritório da alta comissária de Direitos Humanos da ONU está recebendo relatos de prisões de líderes políticos e jornalistas que escrevem sobre a pandemia, além de ameaças ao pessoal de saúde que reclama da falta de equipamento de proteção contra a pandemia ou relata o número de casos.
A alta comissária expressou preocupação com o uso excessivo de força contra manifestantes que protestam pelo direito à comida, água e alimentos em alguns países, como a Venezuela.
DiCarlo lembrou que o coordenador de Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, apelou a todas as partes que respeitem o princípio da independência para a ajuda humanitária e que o auxílio não seja manipulado politicamente.
Doadores
A subsecretária-geral lembrou que a ONU continua apoiando cerca de 5,1 milhões de refugiados e migrantes na Venezuela. E que mais de 80% deles fugiram para outros países da América Latina e do Caribe.
O representante especial para os Refugiados Venezuelanos, Eduardo Stein, disse que a pandemia expõe essas pessoas a ainda mais dificuldades e muitos estão sofrendo para sobreviver longe de suas casas.
Na próxima terça-feira, a Espanha e a União Europeia organizam uma conferência com doadores, que será apoiada pelo Acnur e pela Organização Internacional para Migrações. Até agora, apenas 4% do apelo para socorrer refugiados e migrantes da Venezuela foram entregues.