Américas têm mais de 2 milhões de casos do novo coronavírus
Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, diz que mais de 121 mil mortes foram notificadas até 18 de maio; mulheres e indígenas entre os mais afetados; agência pediu mais proteção social em toda a região.
A diretora-geral da Opas, Carissa Etienne, disse que enquanto a curva da contaminação com a Covid-19 desce em outras partes do mundo, na América Latina e no Caribe, a doença avança.
Ela chamou a atenção para a situação de indígenas e grupos vulneráveis que estão se infectando. E citou as cidades amazônicas de Manaus, Letícia e Iquitos como as mais expostas na região.
Centros urbanos
A chefe da Opas lembrou que os centros urbanos, densamente populosos, também são um risco para a disseminação da doença.
Ela falou da situação das mulheres que são 70% da força de trabalho nas Américas e estão desproporcionalmente afetadas por doenças e crises.
Etienne fez a declaração durante uma entrevista a jornalistas por videoconferência, na qual foi acompanhada de outros diretores da agência incluindo o brasileiro Jarbas Barbosa.
Estados Unidos
Ao ser perguntada pelo anúncio do governo dos Estados Unidos, de retirar seu apoio financeiro à Organização Mundial da Saúde, a chefe da Opas disse esperar continuar cooperando com o país, que responde por 60% do orçamento da Opas.
Para o presidente americano, a OMS falhou em informar ao mundo, a tempo, sobre os riscos de transmissão entre humanos da doença além de retardar a declaração de pandemia.
Ao ser perguntado sobre a possibilidade de uma vacina, o médico Jarbas Barbosa, um dos diretores da Opas, contou que mais de 110 ensaios de vacinas estão sendo realizados no mundo.
Solidariedade
Para ele, o acesso à vacina deve ser universal e norteado pelo princípio da solidariedade.
Os diretores também responderam a perguntas sobre medicamentos antiparasitários que estariam sendo indicados como possível tratamento, e afirmaram que existem alguns estudos sendo conduzidos, mas que a Opas não recomenda nenhum remédio.
Os especialistas foram perguntados sobre testes com anticorpos e medidas de vigilância após a suspensão do isolamento social e fechamento.
Jarbas Barbosa explicou que os testes de anticorpos têm desafios, uma vez que podem gerar falsos resultados porque o corpo humano demora para produzir os anticorpos.
Hidroxicloroquina
Um jornalista da Reuters, no Brasil, quis saber sobre a prescrição da hidroxicloroquina para tratar a Covid-19.
Marcos Espinal disse que o medicamento não deve ser usado. Ele citou casos de efeitos colaterais como problemas cardíacos associados ao uso do remédio.
O médico Sylvain Aldighieri falou sobre a necessidades e apoio às populações indígenas na Amazônia e disse que existem ainda outros grupos vulneráveis e expostos à contaminação com a doença como afrodescendentes e moradores de assentamentos informais, onde existem carências e dificuldades para o isolamento social.
Testagem
Ele também afirmou que a estratégia de combate à pandemia reúne implementação de medidas de saúde pública, testagem e tratamento. E criticou a estratégia de “imunidade de rebanho”, defendida em outras partes do mundo.
Ao ser perguntado sobre as dificuldades do Brasil de implementar medidas de isolamento social, o médico Marcos Espinal ressaltou a importância de ter a mensagem clara e entregue de forma consistente à população.
Para ele, as recomendações da Opas são claras e estão disponíveis na página da agência.
A diretora-geral Carissa Etienne defendeu a necessidade da cobertura universal de saúde e de um fortalecimento dos serviços para responder à atual pandemia e também a futuras emergências.