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Mais adolescentes europeus têm problemas de saúde mental BR

OMS diz que jovens não estão cumprindo recomendações de exercício físico e alimentação
Unsplash/Elizabeth Lies
OMS diz que jovens não estão cumprindo recomendações de exercício físico e alimentação

Mais adolescentes europeus têm problemas de saúde mental

Saúde

Novo relatório mostra que um em cada quatro adolescentes sente-se nervoso, irritado ou com dificuldades em dormir pelo menos uma vez por semana; tecnologia pode ter benefícios, mas também aumentar vulnerabilidades; consumo de álcool e tabaco continua caindo, mas permanece alto.

O bem-estar mental de adolescentes entre os 11 e os 15 anos caiu entre 2014 e 2018 em 45 países da Europa e Canadá. A conclusão é de um novo relatório publicado esta terça-feira pelo Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde, OMS.

A situação piora à medida que as crianças crescem, com as meninas em maior risco. Um em cada quatro adolescentes disse sentir-se nervoso, irritado ou com dificuldades em dormir pelo menos uma vez por semana.

Preocupação

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O diretor regional da OMS para a Europa, Hans Henri P. Kluge, afirmou que o crescimento “é uma preocupação para todos." Segundo o especialista, a resposta dos governos “terá efeitos por várias gerações.”

Kluge diz “que investir nos jovens, garantindo que tenham acesso a serviços de saúde mental, trará ganhos de saúde, sociais e econômicos aos adolescentes de hoje, aos adultos de amanhã e às gerações futuras.” 

Diferenças

Existe uma variação substancial entre países, mostrando que fatores culturais, políticos e econômicos podem ter um papel.

Em cerca de um terço dos países, aumentou o número de adolescentes que se sentem pressionados pelos trabalhos escolares. O número de jovens que gostam da escola caiu. Na maioria dos países, a experiência escolar piora com a idade. O apoio de professores e colegas também diminui à medida que a pressão escolar aumenta.

O estudo examina a relação com o aumento do uso da tecnologia. A tecnologia pode ter benefícios, mas também aumentar vulnerabilidades e ameaças, como assédio na internet, que afeta meninas de forma desproporcional. Mais de 10% dos adolescentes foram vítimas deste tipo de assédio pelo menos uma vez nos últimos dois meses.

Desafios

A pesquisa destaca comportamentos de risco, nutrição e falta de atividade física como desafios centrais
O comportamento sexual arriscado continua sendo uma preocupação, com um em cada quatro adolescentes que são ativos sexualmente não usando proteção. Aos 15 anos, 24% dos meninos e 14% das meninas dizem já ter tido relações sexuais.

Atividades como beber e fumar continuaram a cair, mas o número de usuários permanece alto, sendo o álcool a substância mais usada. Cerca de 20% dos jovens de 15 anos já se embebedaram duas vezes ou mais na vida. Além disso, 15% se embriagou nos últimos 30 dias.

Em relação à atividade física, menos de 20% dos adolescentes cumpre as recomendações da OMS. Desde 2014, os níveis caíram em cerca de um terço dos países, principalmente entre os meninos. Entre meninas e adolescentes mais velhos, a pesquisa diz que os níveis de atividade “continuam particularmente baixos.”

OMS realiza primeiro estudo sobre falta de atividades físicas entre adolescentes

Alimentação e pandemia 

A alimentação também é uma preocupação, com a maioria dos jovens não cumprindo as recomendações nutricionais. Cerca de dois em cada três não comem alimentos ricos em nutrientes e um em cada seis consome bebidas açucaradas todos os dias.

Os níveis de sobrepeso e obesidade aumentaram desde 2014 e agora afetam um em cada cinco jovens. Cerca de 20% dos adolescentes se consideram muito gordos, principalmente as meninas.

Segundo o diretor do Programa de Saúde da Criança e do Adolescente da OMS Europa, Martin Weber, o relatório permitirá perceber quais as consequências da pandemia de covid-19. Weber diz que, no próximo estudo, "será possível medir até que ponto o fechamento prolongado da escola e o isolamento social afetaram as interações sociais dos jovens e o seu bem-estar físico e mental".

O relatório compila extensos dados sobre saúde física, relações sociais e bem-estar mental de mais de 227 mil crianças em idade escolar de 11, 13 e 15 anos de 45 países.