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Covid-19: mais de 140 líderes mundiais se unem para dizer que acordo sobre vacina “não pode esperar” BR

Organização Pan-Americana da Saúde alerta sobre perigo de novos surtos de sarampo, catapora, rubéola, difteria e outras doenças por falta da vacina.
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Organização Pan-Americana da Saúde alerta sobre perigo de novos surtos de sarampo, catapora, rubéola, difteria e outras doenças por falta da vacina.

Covid-19: mais de 140 líderes mundiais se unem para dizer que acordo sobre vacina “não pode esperar”

Saúde

Ex-chefes de Estado e de governo lusófonos como o brasileiro Fernando Henrique Cardoso, o moçambicano Joaquim Chissano, o português José Manuel Barroso e o timorense José Manuel Ramos-Horta assinam carta; documento pede um acordo global durante Assembleia Mundial da Saúde, que acontece na próxima semana.

Mais de 140 líderes mundiais estão fazendo um apelo por um acordo que garanta que vacinas, diagnósticos, testes e tratamentos contra a covid-19 sejam fornecidos de forma gratuita a todos, em todos os lugares. 

Entre os chefes de Estado e de governo lusófonos que assinam a carta, estão o ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro das finanças Nelson Barbosa, o ex-presidente de Moçambique Joaquim Chissano, o ex-presidente timorense José Manuel Ramos-Horta e o ex-primeiro-ministro de Portugal e antigo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. 

Importância

A carta foi coordenada pelo Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids, Unaids, e pela Oxfam Internacional, uma confederação de 19 ONGs e mais de 3 mil parceiros. O pedido é feito dias antes dos ministros da Saúde se reunirem, através da internet, para a Assembleia Mundial da Saúde, que começa em 18 de maio.

Em nota, o ex-ministro das finanças brasileiro disse que "as soluções de mercado não são ideais para combater uma pandemia." Segundo Nelson Barbosa, “um sistema público de saúde, incluindo vacinação e tratamento gratuitos quando disponíveis, é essencial para lidar com o problema.”

O ministro deu o exemplo da experiência brasileira com o licenciamento obrigatório de medicamentos antiretrovirais contra HIV, que são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde desde 1996.

Apelo

A carta, que marca o pedido mais ambicioso alguma vez feito por líderes mundiais em relação a uma vacina, exige que todas as vacinas, tratamentos e testes sejam isentos de patentes, produzidos em massa, distribuídos de forma justa e disponibilizados a todas as pessoas, em todos os países, de forma gratuita.

Outros signatários incluem representantes da Libéria, Reino Unido, México, Canadá, Holanda e também oficiais da ONU, como a antiga administradora do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, Pnud, e ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark.

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, lembrou que "bilhões de pessoas aguardam uma vacina, que representa a melhor esperança para acabar com a pandemia." Segundo ele, “toda a ciência deve ser compartilhada entre governos e ninguém deve ser empurrado para o final da fila por causa de onde moram ou seu salário.”

Avanços 

Já o primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, afirmou que "nenhum líder pode ficar tranquilo até que todos os cidadãos de cada país possam ter acesso rápido e gratuito a uma vacina."

Na carta, os líderes reconhecem que estão sendo feitos progressos e que muitos países e organizações internacionais estão cooperando de forma multilateralmente. Eles destacam ainda os US$ 8 bilhões recebidos em 4 de maio na maratona internacional de compromissos organizada pela União Europeia.

Para a ex-primeira-ministra Helen Clark, esta é a hora de esquecer-se de deferências diplomáticas para se obter garantias legais de que o compromisso será feito.