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OMS diz que pessoas estão vivendo mais tempo e com mais saúde, mas covid-19 coloca ganhos em risco BR

Bebê recebe cuidados médicos em hospital em Pequim, na China
Unicef/Zhang Yuwei
Bebê recebe cuidados médicos em hospital em Pequim, na China

OMS diz que pessoas estão vivendo mais tempo e com mais saúde, mas covid-19 coloca ganhos em risco

Saúde

Agência da ONU publicou relatório anual Estatísticas Mundiais da Saúde; maiores ganhos aconteceram em países de baixa renda, onde expectativa de vida aumentou mais de 20% desde o ano 2000; pandemia deve atrasar cumprimento de ODSs. 

A Organização Mundial da Saúde, OMS, informou esta quarta-feira que as pessoas estão vivendo mais tempo e com mais saúde, mas que a pandemia de covid-19 coloca esses ganhos em risco. 

Segundo o relatório Estatísticas Mundiais da Saúde, os maiores avanços aconteceram nos países de baixa renda, onde a expectativa de vida aumentou mais de 20% desde o ano 2000. 

Avanços

Falando a jornalistas em Genebra, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que “melhores cuidados de saúde materno-infantil levaram a uma redução da mortalidade infantil pela metade desde o ano 2000.” Para ele, essa “é uma conquista de todo o mundo.”

Além disso, os países de baixa renda aumentaram drasticamente o acesso a serviços para prevenir e tratar o HIV, a malária e a tuberculose, além de várias doenças tropicais, como o verme-da-índia.

Ainda assim, a taxa de progresso é muito lenta para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, até 2030. A covid-19 também deve atrasar o cumprimento dessas metas.

Desigualdade

O relatório destaca um dos principais fatores dessa pandemia, a desigualdade. Em 2020, quase 1 bilhão de pessoas continua gastando pelo menos 10% de seus orçamentos domésticos em cuidados de saúde. Mais de 55% dos países têm menos de 40 funcionários de enfermagem e obstetrícia por cada 10 mil pessoas.

Para Tedros, “o mundo não fez o suficiente para cumprir a promessa de saúde para todos.” Por isso, corre agora o risco de recuar na imunização infantil, malária, doenças tropicais negligenciadas e HIV. 

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O chefe da OMS lembrou que a covid-19 “é um choque sem precedentes para o mundo”, mas afirmou que “através da unidade nacional e da solidariedade global, é possível salvar vidas e meios de subsistência.”

Na próxima semana, a agência organiza a Assembleia Mundial da Saúde, que reúne líderes do setor de todo o mundo. O tema esse ano é o combate a covid-19 e a reconstrução de sistemas de saúde mais fortes. 

Tedros diz que essa é “uma oportunidade única para provar que o mundo é mais do que apenas uma coleção de países individuais.” Segundo ele, “a melhor defesa contra surtos de doenças e outras ameaças é a prontidão, com investimento na construção de sistemas fortes e atenção primária à saúde.”

Prisões

Esta quarta-feira, a OMS juntou forças com a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids, Unaids, Escritório da ONU contra Drogas e Crime, Unodc, e Escritorio dos Direitos Humanos para alertar para a crescente vulnerabilidade de prisioneiros durante a pandemia. 

O diretor-geral da OMS afirmou que “a superlotação prejudica a higiene, a saúde, a segurança e a dignidade humana” e pediu que os líderes políticos melhorem todas as medidas de prevenção e controle nesses espaços. 

Ataque 

Tedros também lembrou o ataque a um hospital em Cabul, no Afeganistão, na terça-feira. Pelo menos 24 pessoas morreram e várias ficaram feridas no ataque à ala de maternidade do hospital. 

O chefe da OMS afirmou que “civis e profissionais de saúde nunca devem ser um alvo” e pediu que, durante esta crise global de saúde, “todas as partes deixem de lado a política e priorizem a paz, um cessar-fogo global e o combate à pandemia.”