ONU quer “apoio urgente” para 5 milhões de venezuelanos que deixaram país BR

Acnur e OIM dizem que pandemia de covid-19 cria dificuldades para refugiados e migrantes; organizações humanitárias precisam de US$ 1,41 bilhão para resposta; Brasil acolhe cerca de 253 mil venezuelanos.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e a Organização Internacional para Migrações, OIM, juntaram-se a mais de 150 organizações de 17 países da América Latina e Caribe pedindo um aumento urgente de apoio para migrantes e refugiados da Venezuela e comunidades de acolhimento.
Em nota, as agências da ONU afirmam que “a pandemia de covid-19 ameaça a segurança e o futuro de milhões de refugiados e migrantes da Venezuela e das comunidades de acolhimento.”
Entre os maiores desafios, estão a perda de meios de subsistência, despejos e o aumento da estigmatização. Muitos venezuelanos estão sem acesso a instalações básicas de saúde e higiene e sem capacidade de cumprir medidas de distanciamento físico.
Em nota, o representante especial conjunto Acnur-OIM, Eduardo Stein, disse que a pandemia expôs estas pessoas “a dificuldades ainda maiores, quando muitos já lutavam para sobreviver.”
Segundo o representante, os venezuelanos estão enfrentando fome, falta de acesso a assistência médica, perspectivas de falta de moradia e xenofobia. Muitos também correm risco de violência, estigmatização, exploração e abuso de gênero.
#COVID19 is threatening the safety and future of millions of refugees and migrants from Venezuela and their host communities.We appeal to the international community for an urgent increase in support: https://t.co/kOXM0S5m3b pic.twitter.com/UJmUqL5mWT
UNmigration
Em resposta, as organizações humanitárias atualizaram o Plano Regional de Resposta, lançado em novembro de 2019. O apelo subiu para US$ 1,41 bilhão, com cerca de um terço fundos dedicados a atividades contra a covid-19.
Os maiores aumentos têm como destino pessoas em situações extremamente precárias, com necessidade urgente de comida, abrigo e serviços de saúde. Também servirá para comprar equipamentos de proteção individual e realizar atividades de comunicação.
Devem ainda ser lançadas unidades móveis de testes e reencaminhamento de casos positivos. Nos abrigos, serão criadas condições para espaçamento físico e melhoradas as condições sanitárias.
As agências afirmam que, acima de tudo, os venezuelanos precisam ser incluídos nas respostas nacionais de saúde, independentemente do seu status legal.
Eduardo Stein lembra que a pandemia ainda não atingiu o pico na América Latina. Os serviços públicos de saúde, que já estão sobrecarregados, continuarão enfrentando desafios.
A Plataforma Regional de Coordenação entre Agências, que inclui as agências da ONU, irá realizar uma Conferência de Doadores no final do mês para financiar a resposta.
Quase cinco milhões de venezuelanos abandonaram o país devido à turbulência política e crise socioeconômica, criando o maior deslocamento na história recente da América Latina.
A grande maioria das pessoas, cerca de 4,2 milhões, permaneceu na região. A Colômbia abriga o maior número, 1,8 milhão, seguida do Peru, 861 mil, Chile, 455 mil, Equador, 366 mil, e Brasil, 253 mil.