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Guterres avisa que pandemia está aumentando desigualdades para 1 bilhão de pessoas que vivem com deficiência BR

Undp e parceiros ajudam pessoas com deficiência em Bangladesh
Pnud Bangladesh/Fahad Kaizer
Undp e parceiros ajudam pessoas com deficiência em Bangladesh

Guterres avisa que pandemia está aumentando desigualdades para 1 bilhão de pessoas que vivem com deficiência

Assuntos da ONU

Em novo relatório, secretário-geral destaca dificuldades no acesso à educação, saúde e emprego durante crise de covid-19; chefe da ONU também alerta que alguns países estão tomando decisões com base em critérios discriminatórios. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, publicou esta quarta-feira um relatório sobre o impacto da pandemia de covid-19 nas pessoas que vivem com deficiência.

Para o chefe da ONU, o vírus “está afetando todos os aspectos da sociedade, revelando a extensão da exclusão dos membros mais marginalizados.”

Dificuldades

Em todo o mundo, cerca de 1 bilhão de pessoas vive com deficiência. Mesmo em circunstâncias normais, essas pessoas têm menos probabilidade de ter acesso à educação, saúde e emprego.

As pessoas com deficiência também têm maior probabilidade de viver na pobreza sofrem com taxas mais altas de violência, negligência e abuso.

Agora, Guterres afirma que “a pandemia está intensificando essas desigualdades e produzindo novas ameaças.”

Ameaças

Pessoas com deficiência enfrentam falta de informações acessíveis sobre saúde pública, barreiras significativas para implementar medidas básicas de higiene e instalações de saúde inacessíveis.

Se contraírem covid-19, muitas têm maior probabilidade de desenvolver condições graves de saúde, o que pode resultar em morte. 

Em lares de idosos, por exemplo, onde grande parte das pessoas tem deficiências, entre 19% a 72% de todas as mortes estão relacionadas com o vírus. 

Decisões

Segundo Guterres, em alguns países, as decisões sobre quem tem acesso aos recursos disponíveis “são tomadas com base em critérios discriminatórios, como idade ou suposições sobre qualidade ou valor da vida.”

Cerca de metade das crianças com deficiência não vai à escola.
Cerca de metade das crianças com deficiência não vai à escola, Unicef/Khudr Al-Issa

Para o secretário-geral, “não se pode deixar que isso continue.” Essas pessoas têm os mesmos direitos de acesso a procedimentos de assistência médica. 

No setor do emprego, já existia exclusão antes da crise. Agora, essas pessoas têm mais chances de perder o emprego e terão maiores dificuldades em retornar ao trabalho.

Apesar disso, apenas 28% das pessoas com deficiências significativas têm acesso a benefícios. Nos países de baixa renda, a porcentagem é de apenas 1%. 

Também existe um maior risco de violência doméstica, que aumentou durante a pandemia, principalmente mulheres e meninas.

Pedido

No relatório, António Guterres pede que os governos coloquem as pessoas com deficiência no centro dos seus esforços e incluam os seus contributos na resposta.

Para o chefe da ONU, essas experiências são valiosas e podem oferecer prosperidade em situações de isolamento, ideias para soluções alternativas de trabalho.

Olhando para o futuro, ele diz que “existe uma oportunidade única de projetar e implementar sociedades mais inclusivas e acessíveis para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”

No ano passado, Guterres lançou a Estratégia de Inclusão das Pessoas com Deficiência das Nações Unidas. A estratégia representa o compromisso da organização para realizar mudanças transformadoras e duradouras.

Segundo Guterres, quando o mundo “garante os direitos das pessoas com deficiência, está investindo em um futuro comum.”