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À medida que países reabrem escolas, ONU emite orientações de segurança  BR

Francesca, de sete anos, vista por médica Antonella Tochiaro, em Roma
Unicef/Alessio Romenzi
Francesca, de sete anos, vista por médica Antonella Tochiaro, em Roma

À medida que países reabrem escolas, ONU emite orientações de segurança 

Cultura e educação

Unicef, PMA, Unesco e Banco Mundial destacam medidas para proteger alunos da covid-19; quase 1,3 bilhão de estudantes estão sendo afetados pelo fechamento de escolas em todo o mundo. 

Compensar o tempo perdido, dar atenção especial a grupos marginalizados e garantir a segurança dos alunos são algumas das orientações emitidas esta quinta-feira para a reabertura de escolas em todo o mundo. 

As diretrizes foram publicadas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, Programa Mundial de Alimentação, PMA, Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, e Banco Mundial. 

Reabertura

As agências afirmam que, embora não existam dados suficientes sobre impacto do fechamento das escolas nas taxas de transmissão, as consequências negativas na segurança e aprendizagem das crianças estão bem documentadas. 

Segundo a Unesco, o fechamento atinge nesse momento 1,3 bilhão de alunos em 186 países. No pico da crise, em meados de abril, afetava 1,5 bilhão em 195 Estados-membros. 

Entre os países que estão reabrindo escolas, está a China e o Japão, onde entre 30% a 40% dos estabelecimentos já estão funcionando. Em alguns países nórdicos, como Dinamarca e Noruega, alunos do ensino primário voltaram às salas de aula. Em Madagáscar, reabriu o ensino secundário. Na maioria dos Pequenos Estados Insulares do Pacífico, todas as escolas reabriram, assim como na Nova Zelândia. 

Cerca de 128 países ainda não anunciaram planos para a reabertura das escolas. Segundo as agências, essa decisão deve ser tomada tendo em conta os interesses das crianças e considerações de saúde pública.
Os governos também devem avaliar benefícios da instrução em sala de aula em comparação com a aprendizagem remota e fatores de risco relacionados à reabertura de escolas. 

Diretrizes

As agências destacam a necessidade de segurança, garantindo condições que reduzam a transmissão da covid-19. Isso inclui acesso a sabão e água limpa, procedimentos para funcionários e estudantes com sintomas e protocolos sobre distanciamento social e boas práticas de higiene.

As escolas também devem compensar o tempo perdido, desenvolvendo modelos híbridos que integrem educação a distância. 

O bem-estar dos alunos deve ser tido em conta, reforçando serviços essenciais, como saúde e alimentação. É necessário chegar aos mais marginalizados, como crianças fora da escola, deslocadas ou pertencentes a minorias.

As diretrizes também incluem reforma política, para expandir o acesso e fortalecer práticas de ensino à distância. Sobre financiamento, é preciso analisar o impacto da pandemia e investir na recuperação e resiliência.

Jovens formam quase metade da população global sem acesso à internet. 
Com as escolas fechadas, um número recorde de crianças está passando mais tempo na frente de computadores. , by © Unicef/Lisa Adelson

Importância 

Em nota, a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, afirmou que “quanto mais tempo as crianças ficam fora da escola, menor a probabilidade de voltarem.” Segundo Fore, se não for dada prioridade  à reabertura segura das escolas, acontecerá “um recuo arrasador nos ganhos em educação ”

Já o diretor executivo do PMA, David Beasl¬¬ey, disse que “é fundamental que os programas de merenda e serviços de saúde sejam restaurados, ajudando a trazer as crianças mais vulneráveis de volta à escola.”

A diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay, lembrou que a “a decisão de reabrir uma escola está longe de ser simples, mas deve ser uma prioridade.”  Para Azoulay, “é necessário tomar um conjunto de medidas para garantir que nenhum aluno seja deixado para trás.”

Por fim, o diretor global de educação do Banco Mundial, Jaime Saavedra, afirmou que “este é um momento crítico, pois é o ponto de partida para uma novo normal, que deve ser mais eficaz e equitativo.”