Chefe da ONU diz que mundo tem “oportunidade rara” e aponta seis ações climáticas para recuperação BR

Secretário-geral participou na conferência Diálogo Petersberg sobre o clima, que reúne 30 países; António Guterres afirmou que pandemia de covid-19 “expôs a fragilidade de sociedades e economias a choques e desigualdades profundas.”
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que o mundo tem “uma janela de oportunidade rara e curta” para reconstruir após a pandemia de covid-19 e destacou seis ações de combate à mudança climática.
O chefe das Nações Unidas participou esta terça-feira, por videoconferência, no Diálogo Petersberg sobre o clima, um encontro de dois dias organizado pela Alemanha e o Reino Unido que reúne ministros de 30 países.
António Guterres disse que a pandemia “expôs a fragilidade de sociedades e economias a choques e desigualdades profundas que ameaçam a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”
Para ele, “a única resposta é uma liderança corajosa, visionária e colaborativa.” O mesmo tipo de liderança que é necessária para combater a mudança climática.
Lembrando que o 2019 foi o segundo ano mais quente já registrado, e parte da década mais quente da história, Guterres afirmou que os custos aumentarão a cada ano.
O secretário-geral afirmou que “ainda falta a vontade política necessária” para atuar.
Enquanto os líderes mundiais planeiam a recuperação da pandemia, ele disse que existe a oportunidade de escolher “um caminho mais sustentável e inclusivo, que lida com as mudanças climáticas, protege o meio ambiente, reverte a perda de biodiversidade e garante saúde e segurança a longo prazo da humanidade.”
Para conseguir esse objetivo, António Guterres propôs seis ações que devem orientar a recuperação.
Primeiro, o investimento realizado pelos países deve ser usado para novos empregos e negócios da economia verde, acelerando a descarbonização de todos os aspectos da economia.
Em segundo lugar, o dinheiro dos contribuintes usado para resgatar empresas deve criar empregos verdes e crescimento sustentável e inclusivo. Guterres afirmou que esses fundos não devem servir para “salvar indústrias ultrapassadas e poluentes.”
#COVID19 has exposed the fragility of our societies to global shocks, such as disease or the climate crisis.As we recover, we must build a better future for all.Together, we can protect our planet, improve health, reduce inequality & re-energize struggling economies.#PCD11 pic.twitter.com/C8CgIvcdtG
antonioguterres
Terceiro, os impostos devem facilitar a transição para uma economia verde, tornando as sociedades e as pessoas mais resilientes e sem deixar ninguém para trás.
Em quarto lugar, os subsídios devem ser dedicados a setores e projetos sustentáveis. Os apoios a combustíveis fósseis devem terminar e as emissões de carbono devem ter um preço.
Em quinto lugar, o sistema financeiro global deve levar em consideração os riscos e oportunidades relacionados ao clima. Guterres disse que “os investidores não podem continuar ignorando o preço que o planeta paga por um crescimento que não é sustentável.”
Por fim, em sexto lugar, o mundo precisa trabalhar junto como uma comunidade internacional. Segundo Guterres, “o isolamento é uma armadilha, nenhum país pode ter sucesso sozinho.”
Por fim, Guterres pediu que todos os países preparem planos nacionais para atingir a neutralidade de carbono até 2050. Até o momento, 121 países assumiram esse compromisso. A União Europeia, por exemplo, quer promover o primeiro continente neutro até 2050.
O chefe da ONU afirmou, no entanto, que “a chave para enfrentar a crise climática são os grandes emissores.” Coletivamente, os países do G20 representam mais de 80% das emissões globais.
Guterres lembrou que “o Acordo de Paris foi possível, em grande parte, graças ao envolvimento dos Estados Unidos e da China”. Segundo ele, sem a contribuição dos grandes emissores, “todos os esforços estarão condenados.”