Alta comissária da ONU alarmada com restrições a jornalistas durante pandemia
Em comunicado, Michelle Bachelet relatou casos de intimidação e até detenções em vários países contra órgãos de mídia independentes; para a chefe de Direitos Humanos, informação é vital para combater o novo coronavírus; e medidas são “pretexto” para censura.
A alta comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, afirmou que está “alarmada” com casos de intimidação e restrições ao trabalho de jornalistas com base em medidas tomadas para combater a pandemia de covid-19.
Em comunicado, ela ressaltou que as medidas restritivas contra órgãos independentes de mídia e imprensa são impostas por vários países. Em alguns casos, jornalistas estão sendo presos numa tentativa de proibir informação e silenciar críticas.

Fontes seguras
Para Bachelet, essas medidas estão sendo usadas como pretexto. De acordo com a alta comissária, o livre fluxo de informação é vital para ajudar a combater a pandemia.
Ela lembrou que mais do que nunca o mundo depende de uma imprensa livre e de notícias de fontes seguras num momento de isolamento social e receios com relação à saúde e à subsistência.
Bachelet disse ainda que alguns líderes políticos têm feito declarações hostis sobre a mídia e os profissionais criando um ambiente desafiador para a a segurança e a capacidade de os jornalistas fazerem seu trabalho.
Surto
O Instituto Internacional de Imprensa relatou 139 casos de alegações de violações à mídia desde o início do surto do novo coronavírus. Houve mais de 50 denúncias de restrições ao acesso da informação e censura. Há relatos de que cerca de 40 jornalistas foram presos ou indiciados nas regiões da Ásia-Pacífico, Américas, Europa, Oriente Médio e África.
Em todos os casos, os profissionais teriam feito críticas ao Estado pela resposta à pandemia ou simplesmente questionado as estatísticas apresentadas pelas autoridades.

Desaparecimentos
Bachelet afirmou que há relatos de desaparecimentos de jornalistas que publicaram matérias críticas e do fechamento de várias empresas de notícias.
Para a alta comissária de Direitos Humanos, este não é o momento de culpar o mensageiro. E que em vez de ameaçar os jornalistas, os países deveriam promover um debate saudável sobre a pandemia e suas consequências.
Transparência
Ela afirmou que os cidadãos têm o direito de participar nos processos de decisão que afetam suas vidas. Para Bachelet, a transparência ajuda a construir confiança.
Ela encerrou dizendo que a mídia independente ajuda com a informação de médicos e especialistas. E que proteger os jornalistas de assédios e outras ameaças ajuda a manter todos seguros.
Michelle Bachelet concordou com o chefe da ONU, António Guterres, de que o mundo está sofrendo uma ”epidemia” de desinformação e informações falsas sobre a covid-19.