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Na pandemia, portos de Angola e Moçambique podem dinamizar resposta regional BR

Lola Castro, diretora regional do Programa Mundial de Alimentação, PMA, para África Austral e Oceano Índico, em Angola.
PMA/Marco Frattini
Lola Castro, diretora regional do Programa Mundial de Alimentação, PMA, para África Austral e Oceano Índico, em Angola.

Na pandemia, portos de Angola e Moçambique podem dinamizar resposta regional

Saúde

Diretora do PMA para África Austral e Oceano Índico pede instalações portuárias abertas para servir sub-região com 16 países; covid-19 levou a readaptar apoio a milhares de vítimas de ciclones e refugiados.

A operação dos portos de Angola e Moçambique pode ser um motor para aliviar os impactos da pandemia do novo coronavírus na África Austral. A declaração foi feita em vídeo da diretora regional do Programa Mundial de Alimentação, PMA, para África Austral e Oceano Índico.

Lola Castro detalhou à ONU News como as operações essenciais se ajustam à crise da covid-19 na região.

Vítimas

Uma mulher mostra um prato de cigarras em Mazambara, Zimbbábue, uma das opções quando acabam alimentos no PMA.
Uma mulher mostra um prato de cigarras em Mazambara, Zimbbábue, uma das opções quando acabam alimentos no PMA., by PMA/Matteo Cosorich

“A operação na África Austral neste momento estava dedicada à alimentação das pessoas atingidas pela seca e também por aqueles ciclones que atingiram Moçambique, como o Idai e o Kenneth, no ano passado. Neste momento, estamos a trabalhar de uma maneira diferente devido ao covid-19. O covid-19 quando chega à nossa região afeta aquelas pessoas que são exatamente vítimas de insegurança alimentar. Tanto nas zonas rurais como nas zonas urbanas.”

Com a transmissão ativa do vírus há grupos que têm merecido atenção, incluindo pacientes de outras enfermidades.
Mas há populações que enfrentam questões como desnutrição, foram obrigadas a se movimentar de áreas de origem ou passam fome devido ao aumento dos preços dos alimentos, perdas de gado e crescente desemprego.

Refugiados

“Especialmente, temos visto, também em Angola, como os refugiados no norte do país têm tido muitos problemas para continuar a sua repatriação para a República Democrática do Congo. Desta maneira, estamos a ver que a covid-19 está a a afetar de uma maneira muito grande países como Moçambique e Angola nesta região.”

A agência já apoiava milhões de famílias em toda a região onde milhões de habitantes estão comendo menos, pulando refeições, tirando crianças da escola, vendendo ativos e se endividando.

Recentemente, o PMA pediu apoio financeiro adicional para que em tempos de pandemia apoie serviços essenciais em áreas como transporte, armazenamento e engenharia em áreas afetadas.

Técnicos da agência conduzem operações de rastreamento de carga, apoiam armazéns e fazem atendimento em toda a África em colaboração com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África. Mas os dois países lusófonos têm papel determinante nas suas áreas.

Diretora do PMA para África Austral e Oceano Índico explica as atividades durante a pandemia

Proteção

“Neste momento, estamos a modificar os nossos modos de distribuição. Normalmente, fazemos distribuição com produtos alimentares a grupos grandes. Agora temos que ter grupos de pessoas reduzidas. Também temos que ter proteção para as ONGs e pessoal do PMA que trabalha naquelas distribuições. E é muito importante também manter os portos abertos. Portos como Luanda e como Maputo, Beira e Luanda são muito importantes para toda a região da África Austral.”

Para o Programa Mundial de Alimentação, a covid-19 é uma nova ameaça que alterou as ações essenciais na área onde 16 países começaram o ano anunciando um recorde de 45 milhões de pessoas enfrentando insegurança alimentar.

Além da atuação em tempos do coronavirus, as atividades do PMA apoiam vítimas de secas recorrentes, inundações e questões econômicas que na maioria afetam mulheres e crianças da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.

Falta de financiamento obrigou o PMA a reduzir pela metade as rações alimentares para 525 mil pessoas na província de Sofala, a mais atingida pelo ciclone.
PMA/Rein Skullerud
Falta de financiamento obrigou o PMA a reduzir pela metade as rações alimentares para 525 mil pessoas na província de Sofala, a mais atingida pelo ciclone.