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OMS diz que o combate ao novo coronavírus tem de incluir testagem de casos  BR

Técnico de laboratório realiza um teste
Banco Mundial/Simone D. McCourtie
Técnico de laboratório realiza um teste

OMS diz que o combate ao novo coronavírus tem de incluir testagem de casos 

Saúde

Chefe da agência afirmou que “não se pode combater um fogo de olhos vendados”, pedindo que medidas de distanciamento sejam acompanhadas por mais testes, isolamento e acompanhamento; até esta segunda-feira, haviam sido confirmados quase 165 mil casos de covid-19 e mais de 6,4 mil mortes em todo o mundo.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, Tedros Ghebreyesus, apelou a todos os países a realizarem mais testes do novo coronavírus, covid-19, dizendo que é impossível “combater um incêndio com os olhos vendados.” 

Segundo ele, “não se pode conter esta pandemia sem saber quem está infectado" e a mensagem da agência é simples: “testem, testem, testem.” 

Evolução 

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Segundo a OMS, existem agora quase 165 mil casos confirmados e mais de 6,4 mil mortes.  Neste momento, a quantidade de contaminações e mortes é maior no resto do mundo do que na China, onde apareceu o surto em dezembro.  

Tedros destacou “a rápida escalada” nas medidas de distanciamento social, como fechamento de escolas e escritórios e cancelamento de eventos esportivos, mas disse que “não são suficientes para exterminar a pandemia.” 

Segundo ele, é a combinação de mais testes, isolamento e rastreamento de contatos que “faz a diferença.” 

Até o momento, a OMS já enviou quase 1,5 milhão de testes para 120 países. A agência está trabalhando com empresas para aumentar a disponibilidade desses exames para os mais carentes.  

Procedimento 

Tedros explicou que todos os casos suspeitos devem ser testados. Se os resultados forem positivos, as pessoas têm de ser isoladas e as autoridades precisam descobrir todos que estiveram em contato com aquele doente até dois dias antes de desenvolverem sintomas. 

A OMS recomenda que todos os casos confirmados, mesmo os mais leves, sejam isolados nas unidades de saúde. Quando isso não for possível por causa de superlotação, devem ser priorizados pacientes idosos e vulneráveis. 

Quando as pessoas tiverem de ser isoladas e tratadas em casa, é preciso seguir as orientações da OMS. Por exemplo, o paciente e o cuidador devem usar máscara médica quando estiverem juntos no mesmo ambiente. O paciente também deve dormir num quarto separado e usar um banheiro diferente. O cuidador deve lavar as mãos após qualquer contato com o paciente.  

Os pacientes podem infectar outras pessoas após deixarem de ficar doentes, portanto essas medidas devem continuar por pelo menos duas semanas. Nenhum visitante deve ser permitido nesse período.  

Tedros lembrou que aqueles com mais de 60 anos correm maior risco, mas também já morreram jovens e crianças. A OMS emitiu novas orientações, com detalhes sobre como cuidar de crianças, idosos e grávidas. 

Mudança 

Neste momento, a OMS se prepara paraa chegada do vírus a países de baixa renda. Tedros disse que os especialistas estão “profundamente preocupados” com o impacto que o covid-19 pode ter entre populações com alta prevalência de HIV ou crianças desnutridas. 

Os países devem “fazer tudo o que puderem para interromper a transmissão" e lembrou a importância de atos como lavar as mãos, dizendo que “é um ato de solidariedade.” 

Tedros também pediu às pessoas que evitem acumular itens essenciais, incluindo medicamentos, porque pode agravar o sofrimento de muitos. 

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Solidariedade 

Ele agradeceu ainda as contribuições para o Fundo de Solidariedade para a Resposta ao Covid-19, que foi lançado na sexta-feira. Até o momento, mais de 110 mil pessoas contribuíram com quase US$ 19 milhões.  

O diretor-geral informou ainda sobre um encontro que teve esta segunda-feira com representantes da Câmara de Comércio Internacional. Segundo ele, a organização começará a enviar aconselhamento à sua rede de mais de 45 milhões de empresas, para proteger trabalhadores, clientes e comunidades locais.  

O chefe da OMS afirmou que “esta é a crise global de saúde que definirá a nossa era” e que “os próximos dias, semanas e meses serão um teste à determinação, confiança na ciência e solidariedade” de todo o mundo.  

Ele terminou dizendo que crises como esta “tendem a trazer à tona o melhor e o pior da humanidade." Segundo ele, as pessoas precisam estar fisicamente separadas, mas podem se unir, virtualmente, “como nunca se uniram antes.”