ONU quer ajuda das mulheres para combater terrorismo na África
Chefe dos Assuntos Políticos afirmou que a misoginia é uma estratégia de grupos terroristas; já União Africana quer compreender melhor motivação dos jovens para aderirem às fileiras de grupos extremistas violentos; informe alerta sobre reforço da presença de grupos como Isil, al-Qaeda e al-Shabab na região.
O Conselho de Segurança debateu ações para combater o terrorismo e o extremismo violento na África. Nesta quarta-feira, a subsecretária-geral para os Assuntos Políticos e Manutenção de Paz pediu maior participação feminina nessa frente.
Rosemary DiCarlo explicou que o terrorismo causa “cicatrizes profundas e duradouras” e que vítimas e sobreviventes precisam de apoio na proteção, justiça e recuperação. Segundo ela, as mulheres carregam um “fardo desproporcional da violência”, após passarem por experiências como a escravidão sexual.
Escravidão Sexual
Para a subsecretária-geral, o fato de a misoginia estar no centro de estratégias de grupos terroristas por si só justifica as mulheres estarem no cerne de qualquer resposta internacional ao problema.
DiCarlo informou que o terrorismo e o extremismo violento são as principais ameaças a progressos em setores como paz e segurança, desenvolvimento econômico e avanço nos direitos humanos e lei no continente africano.
Apesar dos esforços realizados pela ONU em vários níveis, ela acredita que “a ameaça do grupo terrorista al-Shabaab na Somália e na África Oriental persiste” mesmo com as intensas operações miliares contra eles nos últimos anos.
Colaboração
Segundo as Nações Unidas, grupos afiliados ao autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, e à al-Qaeda colaboram em “ataques cada vez mais sofisticados” na África Ocidental. Os países mais afetados são particularmente Burquina Fasso, Mali e Níger.
Já na Líbia, a ONU alertou que a atuação do Isil está se reestruturando e fortalecendo com grupos afiliados no leste, e ainda mais nas áreas central e sul do continente.
O Estado Islâmico está presente na Grande Saara com o Boko Haram atuando no Sahel e na Bacia do Lago Chade. Estes grupos aterrorizam as populações locais e atacam forças de segurança.
DiCarlo disse haver milhares de vítimas do terrorismo em Africa e expressou solidariedade com os governos e as pessoas afetadas.
Esforços
No evento, a embaixadora da União Africana junto à ONU, Fátima Kyari Mohammed, disse que a experiência regional sugere três formas de abordar o terrorismo e o extremismo violento. Primeiro deve haver mais esforços para lidar de uma forma integrada e abrangente com o alastramento do terrorismo.
Para ela, é preciso mais trabalho para entender a motivação especial dos jovens ao se juntarem às fileiras de grupos extremistas violentos. Ela pediu que se vá além de respostas políticas para desempregados, marginalizados, vítimas de líderes fanáticos ou de ideologias e religião já identificados em vários casos.
Por último, a representante africana quer mais atenção a fatores que ultrapassam o contexto local e condições que favorecem o aumento do extremismo violento nos países afetados. Para ela, o tema requer uma abordagem local e global.
As Nações Unidas renovaram seu apoio aos esforços de África e destacaram avanços conjuntos para melhorar a parceria em questões como paz, segurança e implementação das agendas de desenvolvimento com a União Africana.