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Sistema agrícola da Serra do Espinhaço, no Brasil, torna-se patrimônio global BR

Apanhadores de flores na Serra do Espinhaço, em Minas Gerais
FAO/Fernanda Testa Monteiro
Apanhadores de flores na Serra do Espinhaço, em Minas Gerais

Sistema agrícola da Serra do Espinhaço, no Brasil, torna-se patrimônio global

Assuntos da ONU

Anúncio foi feito pela Organização para Alimentação e Agricultura, FAO, que gerencia os Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial, Sipam; para agência, sistema localizado no estado de Minas Gerais, é fundamental para melhoria da biodiversidade e do conhecimento tradicional.

Um sistema agrícola da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, no Brasil, foi nomeado esta quarta-feira para a lista de patrimônios globais.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, que gerencia os Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Global, Sipam, afirma que a escolha se deve à contribuição que o sítio natural tem dado à biodiversidade e aos saberes tradicionais.

Distinção da FAO reconhece papel destes agricultores na proteção da biodiversidade
Distinção da FAO reconhece papel destes agricultores na proteção da biodiversidade,  FAO/João Roberto Ripper

Único

O sistema agrícola é praticado em seis comunidades nos municípios de Diamantina, Buenópolis e Presidente Kubitscheck. As seis ocupam uma área de aproximadamente 100 mil hectares e chegam a manejar mais de 400 espécies. A distinção reconhece o trabalho das famílias apanhadoras das flores “Sempre-Vivas”.

Segundo a agência, os vários ecossistemas constituem “a savana com mais biodiversidade do planeta” e “desempenham um papel crucial na regulagem das chuvas da região.”

Os agricultores, conhecidos como apanhadores de flores sempre-vivas, desenvolveram um sistema que combina coleta de flores, jardinagem agroflorestal, pastoreio de gado e cultivos. Tudo isso acontece em várias altitudes que chegam até 1,4 mil metros.

O sistema requer uma ampla gama de conhecimentos e práticas tradicionais passados ​​de geração a geração, ajudando as pessoas a alcançarem a harmonia com o meio ambiente e, ao mesmo tempo, garantir sua segurança alimentar.

Reconhecimento

Em nota, o coordenador da rede Sipam, Yoshihide Endo, disse que "graças à profunda compreensão dos ciclos e ecossistemas naturais e ao amplo conhecimento da flora nativa, as comunidades locais gerenciam todos os tipos de atividades agrícolas bem adaptadas a cada tipo de solo, características geográficas e climáticas para sustentar suas vidas."

Segundo ele, "essas atividades também contribuem para preservar valiosas variedades de culturas, vegetação nativa e paisagens da região".

Movendo-se pelas montanhas, as pessoas enriquecem os campos com uma variedade de espécies, permitindo que os ecossistemas e paisagens se regenerem, diversificando os fluxos naturais de sementes e genes.

O acesso e uso sustentável da flora são controlados por cada comunidade de acordo com os ciclos naturais das espécies e a intensidade de coleta.

Sistema

Com esta nova nomeação, existem agora 59 sistemas distinguidos pelo Sipam em 22 países.

O programa destaca formas únicas desenvolvidas pelas comunidades para promover a segurança alimentar, meios de subsistência, ecossistemas resilientes e altos níveis de biodiversidade.