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OIT: Cerca de 267 milhões de jovens afetados por falta de emprego, educação e treinamentos BR

De acordo com o relatório, o número de jovens atualmente sem emprego, educação ou formação está aumentando.
OIM/Amanda Nero
De acordo com o relatório, o número de jovens atualmente sem emprego, educação ou formação está aumentando.

OIT: Cerca de 267 milhões de jovens afetados por falta de emprego, educação e treinamentos

Assuntos da ONU

Novo relatório da Organização Internacional do Trabalho, OIT, diz que jovens enfrentam futuro incerto no mercado de trabalho; chance de mulheres jovens estarem nessa situação é duas vezes maior do que a dos homens; automação é outra barreira.

Um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho, OIT, publicado nesta segunda-feira, 9 de março, alerta que os jovens enfrentam um futuro incerto no mercado de trabalho.

Isso ocorre por causa da automação, o foco limitado de muitas formações profissionais e a falta de empregos que atendam às qualificações dos jovens.

Rápido aumento do número de jovens com diploma na força de trabalho superou a demanda por mão de obra graduada
Rápido aumento do número de jovens com diploma na força de trabalho superou a demanda por mão de obra graduada. Foto: ©FFMuskoka/Vincent Trémeau

Desemprego

De acordo com o relatório, o número de jovens atualmente sem emprego, educação ou formação, Neet, na sigla em inglês, está aumentando e a chance de mulheres jovens estarem nessa situação é duas vezes maior do que a dos homens.

Os que estão empregados, entre 15 e 24 anos, também enfrentam um risco maior do que os trabalhadores mais velhos de perder a colocação no mercado de trabalho por causa da automação. Aqueles com treinamento profissional são particularmente vulneráveis.

Relatório

O relatório as Tendências Globais de Emprego para a Juventude 2020: Tecnologia e o futuro dos empregos, mostra que, desde o estudo anterior, publicado em 2017, surgiu uma tendência ascendente no status Neet.

Em 2016, havia 259 milhões de jovens classificados como Neet. Este número, passou para cerca de 267 milhões em 2019 e a previsão é de que continue subindo para 273 milhões em 2021.

Em termos percentuais, o índice também aumentou, de 21,7% em 2015 para 22,4% em 2020. Segundo a OIT, essas tendências implicam que a meta estabelecida pela comunidade internacional para reduzir substancialmente a taxa de Neet até 2020 não será alcançada.  

Desperdício

A chefe da Divisão de Políticas de Emprego e Mercado de Trabalho do Departamento de Políticas de Emprego da OIT, Sukti Dasgupta, destacou que "não estão sendo criados postos de trabalho suficientes para a juventude.” Segundo ela, o mundo não pode se “dar ao luxo de desperdiçar esse talento ou esse investimento em aprendizado” se quiser enfrentar “os desafios impostos pela tecnologia, mudança climática, desigualdade e demografia.”

Para Dasgupta, são necessárias “estruturas de políticas integradas e sistemas de treinamento responsivos, projetados usando o diálogo entre governos, trabalhadores e empregadores.”

Atualmente, existem cerca de 1,3 bilhão de jovens em todo o mundo, dos quais 267 milhões são classificados como Neet. Dois terços, ou 181 milhões desses jovens sem emprego, educação ou formação são mulheres jovens.

Segundo a ONU, a taxa de desemprego entre os jovens é maior que a dos adultos.
Lin Qi
Segundo a ONU, a taxa de desemprego entre os jovens é maior que a dos adultos.

Abordagem

O diretor de emprego do Departamento de Políticas da OIT, Sangheon Lee, observou que “muitos jovens em todo o mundo estão se afastando da educação e do mercado de trabalho, o que pode prejudicar suas perspectivas de longo prazo, além de enfraquecer o desenvolvimento social e econômico de seus países.”

Lee explicou que “as razões pelas quais eles se tornam Neet variam enormemente.” Para ele, o “desafio será equilibrar a abordagem flexível necessária para alcançar esses jovens com as fortes políticas e ações necessárias para causar impacto” e nesse sentido, uma “abordagem de tamanho único não funcionará."

Educação

O novo relatório mostra que aqueles que concluem o ensino superior têm menos probabilidade de ter seus empregos substituídos pela automação. No entanto, eles enfrentam outros problemas porque o rápido aumento do número de jovens com diploma na força de trabalho superou a demanda por mão de obra graduada, diminuindo os salários dos graduados.