Perspectiva Global Reportagens Humanas

Meninas ainda sofrem com violência e discriminação apesar de ganhos na educação, diz estudo BR

Estudo aponta que 4 milhões de meninas enfrentam risco de mutilação genital.
Unicef/ UN0212108/Mohammadi
Estudo aponta que 4 milhões de meninas enfrentam risco de mutilação genital.

Meninas ainda sofrem com violência e discriminação apesar de ganhos na educação, diz estudo

Direitos humanos

Fundo das Nações Unidas para a Infância destaca que número de meninas fora da escola baixou em 79 milhões em 20 anos; 10% das meninas pesquisadas em mais de duas décadas foram estupradas.

O número de meninas fora da escola diminuiu cerca de 79 milhões entre 1998 e 2018. A informação é do relatório “Uma Nova Era para as Meninas: os últimos 25 anos”, sobre os progressos em nível global em relação à igualdade de gênero.

O documento faz parte da campanha Geração Igualdade, que marca o 25º aniversário da Declaração e Plataforma para Ação de Pequim.

Unicef alerta sobre tendências negativas para as meninas em questões como nutrição e saúde mental.
Unicef alerta sobre tendências negativas para as meninas em questões como nutrição e saúde mental. Foto: Unicef/Anmar Anmar

Ambiente

A iniciativa é assinada pelo Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef, pela ONU Mulheres e a ONG Plan International.

O estudo mostra que chega a haver mais meninas que meninos na escola secundária. Mesmo assim, não houve impacto “para criar um ambiente mais justo e menos violento”. Os dados foram compilados à véspera da 64ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto das Mulheres, CSW.

Para exemplificar a gravidade da violência a mulheres e meninas, o documento explica que juntas elas correspondem a 70% de todas as vítimas de tráfico em todo o mundo. A maioria sofreu exploração sexual.

O documento sublinha ainda que 10% de meninas entre 15 e 19 anos foram vítimas de estupros. Um total de 13 milhões passaram pela experiência.

Marido

Em relação à agressão, cerca de 40% das adolescentes acreditam que “esta prática se justifica quando o autor da violação é o marido” da vítima.

Por ano, 12 milhões de meninas casam ainda adolescentes e 4 milhões enfrentam risco de mutilação genital.

Meninas que foram sequestradas e estupradas pelo Boko Haram na Nigéria.
Meninas que foram sequestradas e estupradas pelo Boko Haram na Nigéria. Foto: Unicef/UN0126512/Bindra

O relatório alerta ainda sobre tendências negativas para as meninas em questões como nutrição, saúde e saúde mental. Entre 1995 e 2016 dobrou a prevalência de pessoas desse grupo com excesso de peso entre cinco e os 19 anos. O crescimento foi de 75 milhões para 155 milhões.

O documento destaca ainda o impacto do suicídio, agora a segunda principal causa de morte entre adolescentes dos 15 aos 19 anos.

Outra preocupação é com o número de meninas vivendo com o HIV: são 970 mil com idades entre 10 e 19 anos, em comparação as 740 mil de 1995.

Oportunidades

No entanto, o relatório defende que as oportunidades para todas as menores de idade devem ser celebradas e chegar àquelas que ainda não têm acesso a elas.

Para isso, o estudo recomenda maiores investimentos em políticas e em progressos alinhados com a revolução digital e o fim de práticas como violência de gênero, casamento infantil e mutilação genital feminina.

Mais fundos também devem ser aplicados em áreas como levantamento de dados e pesquisa de qualidade sobre questões como violência de gênero, competências para os tempos modernos, nutrição e saúde mental.

Bloco mobiliza países e parceiros a participar na aliança
OIT/M.Tewelde
Bloco mobiliza países e parceiros a participar na aliança