Meninas ainda sofrem com violência e discriminação apesar de ganhos na educação, diz estudo BR

Fundo das Nações Unidas para a Infância destaca que número de meninas fora da escola baixou em 79 milhões em 20 anos; 10% das meninas pesquisadas em mais de duas décadas foram estupradas.
O número de meninas fora da escola diminuiu cerca de 79 milhões entre 1998 e 2018. A informação é do relatório “Uma Nova Era para as Meninas: os últimos 25 anos”, sobre os progressos em nível global em relação à igualdade de gênero.
O documento faz parte da campanha Geração Igualdade, que marca o 25º aniversário da Declaração e Plataforma para Ação de Pequim.
A iniciativa é assinada pelo Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef, pela ONU Mulheres e a ONG Plan International.
O estudo mostra que chega a haver mais meninas que meninos na escola secundária. Mesmo assim, não houve impacto “para criar um ambiente mais justo e menos violento”. Os dados foram compilados à véspera da 64ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto das Mulheres, CSW.
Para exemplificar a gravidade da violência a mulheres e meninas, o documento explica que juntas elas correspondem a 70% de todas as vítimas de tráfico em todo o mundo. A maioria sofreu exploração sexual.
O documento sublinha ainda que 10% de meninas entre 15 e 19 anos foram vítimas de estupros. Um total de 13 milhões passaram pela experiência.
Em relação à agressão, cerca de 40% das adolescentes acreditam que “esta prática se justifica quando o autor da violação é o marido” da vítima.
Por ano, 12 milhões de meninas casam ainda adolescentes e 4 milhões enfrentam risco de mutilação genital.
O relatório alerta ainda sobre tendências negativas para as meninas em questões como nutrição, saúde e saúde mental. Entre 1995 e 2016 dobrou a prevalência de pessoas desse grupo com excesso de peso entre cinco e os 19 anos. O crescimento foi de 75 milhões para 155 milhões.
O documento destaca ainda o impacto do suicídio, agora a segunda principal causa de morte entre adolescentes dos 15 aos 19 anos.
Outra preocupação é com o número de meninas vivendo com o HIV: são 970 mil com idades entre 10 e 19 anos, em comparação as 740 mil de 1995.
No entanto, o relatório defende que as oportunidades para todas as menores de idade devem ser celebradas e chegar àquelas que ainda não têm acesso a elas.
Para isso, o estudo recomenda maiores investimentos em políticas e em progressos alinhados com a revolução digital e o fim de práticas como violência de gênero, casamento infantil e mutilação genital feminina.
Mais fundos também devem ser aplicados em áreas como levantamento de dados e pesquisa de qualidade sobre questões como violência de gênero, competências para os tempos modernos, nutrição e saúde mental.