Perspectiva Global Reportagens Humanas

ONU pede US$ 877 milhões para garantir serviços essenciais a refugiados rohingyas BR

Uma mãe rohingya e seu filho em um assentamento de refugiados de Cox's Bazar, Bangladesh.
© Acnur/Kamrul Hasan
Uma mãe rohingya e seu filho em um assentamento de refugiados de Cox's Bazar, Bangladesh.

ONU pede US$ 877 milhões para garantir serviços essenciais a refugiados rohingyas

Migrantes e refugiados

Mais de 1,2 milhão de pessoas que pedem abrigo e membros de comunidades bengaleses devem ser beneficiadas por novo plano humanitário; currículo escolar de Mianmar pode ser implementado para alunos rohingyas em Bangladesh.

Agências das Nações Unidas lançaram um apelo de US$ 877 milhões para ajudar centenas de milhares de refugiados rohingyas e comunidades anfitriãs vivendo em situação de fragilidade em Bangladesh.

O pedido para cobrir os serviços essenciais neste ano foi apresentado, esta terça-feira em Genebra, pela Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e a Organização Internacional para as Migrações, OIM.  Entre as prioridades estão alimentos, abrigos, saneamento, serviços de saúde, educação e proteção.

Com o novo apelo, os parceiros humanitários poderão ajudar a implementar  o currículo escolar de Mianmar para crianças rohingya em Bangladesh.
Com o novo apelo, os parceiros humanitários poderão ajudar a implementar  o currículo escolar de Mianmar para crianças rohingya em Bangladesh. Foto: Unfpa Bangladesh/Allison Joyce

Comunidades

Os beneficiários são cerca de 855 mil refugiados rohingyas que deixaram o Mianmar e mais de 444 mil de comunidades anfitriãs em Bangladesh.

Os dois países assinaram um acordo de repatriamento para enviar alguns cidadãos da minoria rohingya de volta à terra natal. Mas devido a questões de segurança, poucos concordaram em retornar a essas áreas.

Para o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, o apoio ao Plano de Resposta Conjunta de 2020 é essencial para garantir o bem-estar dos rohingya em Bangladesh até que seu retorno seja seguro e sustentável.

Grandi destacou que o mundo deve apoiar tanto aos refugiados, como ao governo e ao povo de Bangladesh que continuam a acolhê-los. Ele disse que é importante que os refugiados sejam integrados, ouvidos e entendidos em relação às suas esperanças e aspirações.

Subsistência

Já o diretor-geral da OIM, António Vitorino, afirmou que o foco do novo plano são infraestrutura, meios de subsistência, proteção e meio ambiente para alargar o trabalho já feito até o momento. A agência apoia os refugiados rohingya pelo terceiro ano.

Com o novo apelo, os parceiros humanitários poderão ajudar a implementar  o currículo escolar de Mianmar para crianças rohingya em Bangladesh. A ideia é que 10 mil alunos entre o sexto e o nono ano paricipem e que o programa seja gradualmente ampliado.

Estas comunidades do Bangladesh foram as primeiras a responder à crise de refugiados que começou em agosto de 2017, sendo anfitriãs para as centenas de milhares de rohingyas que fugiram da violência e da perseguição no Mianmar.
Estas comunidades do Bangladesh foram as primeiras a responder à crise de refugiados que começou em agosto de 2017, sendo anfitriãs para as centenas de milhares de rohingyas que fugiram da violência e da perseguição no Mianmar. Foto: Unicef/Patrick Brown

De acordo com as agências, crianças e adultos rohingya procuram ter acesso à educação no currículo de Mianmar. Para eles, essa medida é crucial na preparação para um retorno e reintegração em seu país de origem.

Como conquistas no terreno, a ONU aponta 2019 como um ano que registrou uma baixa acentuada de famílias afetadas pelas inundações na época das monções. Houve melhoras na segurança dos acampamentos, estradas, drenagens, pontes e encostas.

Segurança e dignidade

Mais de 3 mil refugiados rohingya foram capacitados para oferecer resposta a emergências de forma permanente.

O apelo lançado pelas duas agências destaca que deve haver uma forte solidariedade internacional e apoio financeiro aos refugiados e comunidades de Bangladesh.

O pedido é que a ajuda às autoridades bengalesas  e aos parceiros humanitários continue para abordar desafios de acolhimento até que os refugiados rohingya possam voltar para casa de forma voluntária,  com segurança e dignidade.

Falta de oportunidades de educação aumenta desespero de jovens rohingya