Perspectiva Global Reportagens Humanas

Guterres quer maior atenção global para problema do deslocamento interno BR

Secretário-geral da ONU se reuniu com membros do Painel de Alto Nível sobre Deslocamento Interno.
ONU/Jean-Marc Ferré
Secretário-geral da ONU se reuniu com membros do Painel de Alto Nível sobre Deslocamento Interno.

Guterres quer maior atenção global para problema do deslocamento interno

Migrantes e refugiados

Secretário-geral diz que é inaceitável que milhões de pessoas sejam “brutalmente obrigadas” a deixar suas casas; ONU estima que mais de 70 milhões de pessoas estejam nessa situação.

Os membros do Painel de Alto Nível sobre Deslocamento Interno, criado pela ONU, em outubro, reuniram-se, pela primeira vez, em Genebra, nesta terça-feira.

O secretário-geral, António Guterres, compareceu ao encontro e convidou a comunidade internacional para enfrentar a questão que considera “arrasadora e complexa”. De acordo com a ONU, mais de 70 milhões de pessoas vivem como deslocadas em seus próprios países.

Em Binnish, na Síria, deslocados internos de Idlib vivem em uma escola destruída
Em Binnish, na Síria, deslocados internos de Idlib vivem em uma escola destruída. Foto: Unicef/Omar Haj Kadour

Novos Deslocamentos

O número atual de deslocados representa o dobro do registrado há 20 anos. Em média, existem 37 mil novos deslocamentos diários.

A reunião do Painel, em Genebra, inclui representantes de governos, organizações internacionais, sociedade civil, setor privado e países afetados.

O grupo é formado pela ex-alta-representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança, Federica Mogherini, e o presidente do Conselho do Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária, Donald Kaberuka.

Guterres pediu ao grupo para chamar a atenção para o problema e dinamizar novos esforços em busca de soluções. Para o chefe da ONU, é inaceitável que “milhões de pessoas sejam “brutalmente deslocadas” de suas casas e depois permaneçam sem saída por anos.

O líder das Nações Unidas disse que a esperança é que o painel “trará novas ideias para evitar o deslocamento forçado, melhor proteger e ajudar os deslocados e identificar soluções mais rápidas.”

Meninas em assentamento para deslocados internos de Abs, no Iêmen, que continua sendo a maior crise humanitária do mundo em 2020
Ocha/Giles Clarke
Meninas em assentamento para deslocados internos de Abs, no Iêmen, que continua sendo a maior crise humanitária do mundo em 2020

Sofrimento

Já Federica Mogherini acredita que é fundamental encontrar soluções duradouras para esta questão que “cria imenso sofrimento” em lugares como Síria, leste da África, República Democrática do Congo e Iêmen. Para ela, esses são exemplos da urgência de uma melhor abordagem do deslocamento interno.

Donald Kaberuka afirmou que devem ser analisadas as causas sociais e econômicas do deslocamento.

Ele destacou pobreza, desigualdade, marginalização e exclusão, fragilidades ambientais, desafios de governança e  impacto do deslocamento nas sociedades como pontos que carecem de soluções corretas.