Guterres discursa em Sessão Anual do Comitê Especial de Descolonização
Secretário-geral citou a experiência de seu país de origem, Portugal, ao falar de movimentos de libertação em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique; Comitê lida com casos de pelo menos 17 territórios.
As Nações Unidas abriram, esta sexta-feira, o encontro anual do Comitê Especial sobre Descolonização manifestando apoio aos esforços “para erradicar o colonialismo de uma vez por todas”, a declaração é do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Para ele, as mudanças, nesse sentido, estão num ritmo lento em resposta à própria pergunta sobre se há um impasse na agenda desde 2002, quando o Timor-Leste, que estava anexado à Indonésia, concluiu o processo de autonomia ou a restauração da independência.

Lusófonos
Guterres disse que foi graças aos movimentos de libertação em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau e à luta deles pela independência que o Exército português realizou a revolução de 25 de abril, conhecida como Revolução dos Cravos. A ação culminou na transição para a democracia em 1974, em Portugal.
O secretário-geral da ONU contou que “sempre houve um vínculo muito forte entre os democratas portugueses e os movimentos de libertação das antigas colônias”.
Na reunião, ele destacou que “povos de 17 territórios ainda aguardam que seja cumprida a promessa de terem o próprio governo”. Esta questão consta do capítulo 6 da Carta das Nações Unidas, da Declaração da ONU sobre o tema, de 1960, sobre independência de países e povos coloniais, além de várias resoluções da organização.
Guterres lembrou que em setembro, será realiza do um referendo sobre a independência na Nova Caledônia. O evento ocorre dois anos após a primeira consulta no território do Pacífico, que é administrado pela França.
Aspirações
O líder das Nações Unidas destacou que o Comitê promove novos relacionamentos entre territórios e poderes que os administram.
Uma delegação visitou recentemente Montserrat, para reunir informações em primeira mão sobre a situação política e socioeconômica do território caribenho administrado pelo Reino Unido.

Para o chefe da ONU, a descolonização é “um processo que deve ser guiado pelas aspirações e as necessidades das comunidades” que neles habitam.
Guterres disse que deve haver uma responsabilidade coletiva para fazer com que as vozes desses povos sejam ouvidas.
Entre as preocupações atuais nessas áreas, ele lembrou que pequenas ilhas são vulneráveis à mudança climática, já registram desastres arrasadores e desejam ter economias autossuficientes.
Decisões
Para Guterres, a ONU deve continuar sendo um fórum de diálogo significativo entre os territórios e poderes que os administram para “permitir que seus povos tenham suficientes informações para tomar decisões sobre seu futuro”.
As Nações Unidas marcam neste 2020 o último ano da Terceira Década Internacional para Erradicar o Colonialismo.
