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Agências da ONU alarmadas com atual situação humanitária no noroeste da Síria BR

Segundo o Acnur, cerca de 80% dos recém-deslocados são mulheres e crianças e muitos idosos também estão em risco.
Foto: Unicef/Khaled Akacha
Segundo o Acnur, cerca de 80% dos recém-deslocados são mulheres e crianças e muitos idosos também estão em risco.

Agências da ONU alarmadas com atual situação humanitária no noroeste da Síria

Paz e segurança

De acordo com Acnur, cerca de um milhão de pessoas enfrentam perigo grave; já Unfpa diz que mulheres e meninas estão sofrendo as piores consequências dessa crise.

A Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, estima que mais de 900 mil pessoas tenham fugido de suas casas ou abrigos em Idlib nos últimos meses.

A maioria está agora nas províncias de Idlib e Aleppo, no norte do país. A agência alerta que isso está agravando ainda mais a “já desastrosa situação humanitária” na região, que enfrenta um inverno rigoroso.  

Acnur: milhares de inocentes não podem arcar com o preço de uma comunidade internacional dividida.
Acnur: milhares de inocentes não podem arcar com o preço de uma comunidade internacional dividida.  Foto: Unicef/Baker Kasem

Perigo

De acordo com o Acnur, cerca de um milhão de pessoas estão em grave perigo.

Em nota, o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, disse que apoia os pedidos pelo fim da violência.  Ele também pediu ações urgentes para que as pessoas cercadas pelo conflito sejam levadas para locais de segurança.

Para Grandi, milhares de inocentes não podem arcar com o preço de uma comunidade internacional dividida. Segundo ele, a incapacidade de encontrar uma solução para essa crise será uma mancha grave” na consciência internacional coletiva.

Deslocados

O chefe do Acnur pediu aos países vizinhos para receberem mais refugiados, garantindo a segurança das pessoas em risco. Ele lembrou que eles "já abrigam 5,6 milhões de refugiados, dos quais 3,6 milhões estão na Turquia".

A estimativa é que, atualmente, existem mais de 4 milhões de civis no noroeste da Síria. Mais da metade vivem fora de suas casas.

Segundo o Acnur, muitos estão deslocados há anos e fugiram várias vezes por causa dos combates. Cerca de 80% dos recém-deslocados são mulheres e crianças e muitos idosos também estão em risco.

Ajuda Humanitária

A ONU e outros parceiros na Síria estão cooperando, há semanas, para ajudar as os deslocados em Idlib.

O inverno rigoroso com neve, inundações, temperaturas negativas além do aumento dos preços dos combustíveis dificultam ainda mais o sofrimento.

O Acnur enfatiza que o acesso seguro e a segurança dos trabalhadores humanitários devem ser garantidos. A agência quer ajudar até 275 mil pessoas com itens essenciais.

Uma criança caminha na neve em um assentamento informal que continua recebendo famílias recém-deslocadas do sul de Idlib e das províncias rurais de Alepo, no noroeste da Síria.
Uma criança caminha na neve em um assentamento informal que continua recebendo famílias recém-deslocadas do sul de Idlib e das províncias rurais de Alepo, no noroeste da Síria. Foto: Unicef/Baker Kasem

Unfpa

Em nota, o Fundo da População das Nações Unidas, Unfpa, se disse seriamente alarmado com a atual situação humanitária no noroeste da Síria.

As operações da agência na região sofreram um impacto significativo como resultado dos combates recentes. Desde dezembro, o Unfpa teve que fechar sete pontos de prestação de serviços que atendem 13 mil pessoas.

Somente nas últimas três semanas, dois centros de saúde e duas clínicas móveis, que assistem cerca de 6 mil pessoas, tiveram que interromper as operações. Outros três espaços seguros para mulheres e meninas foram suspensos.

A agência contou que uma aluna de um curso de treinamento em obstetrícia apoiado pelo Unfpa morreu nos ataques.

Violência de gênero

Segundo o Fundo da População das Nações Unidas, mulheres e meninas na Síria estão sofrendo as piores consequências desta crise. Fora as interrupções nos cuidados de saúde reprodutiva de qualidade também há um risco crescente de violência de gênero.

Como resultado dos deslocamentos, as pessoas necessitadas estão vivendo em locais inseguros, seja em tendas ou em espaços abertos. Em alguns casos, de 20 a 30 pessoas moram juntas em edifícios inacabados, o que está criando preocupações com a privacidade e a proteção para mulheres e meninas.

O Unfpa diz que, segundo informações, isso teria resultado em vários incidentes de estupro. Também há relatos de que devido à falta de acesso a instalações médicas, mulheres grávidas não estão recebendo cuidados médicos essenciais, incluindo partos assistidos e cesarianas.