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Acnur: Nigéria recebe quase 60 mil camaroneses fugindo da violência BR

Exército da Nigéria patrulha o deserto do Saara.
Unicef/Gilbertson V
Exército da Nigéria patrulha o deserto do Saara.

Acnur: Nigéria recebe quase 60 mil camaroneses fugindo da violência

Migrantes e refugiados

Nas últimas duas semanas, quase 8 mil pessoas saíram dos Camarões e foram para os estados de Taraba e Cross Rivers, no leste e sul da Nigéria; segundo agências de notícias, pelo menos 22 pessoas morreram num ataque no noroeste do país.

O número de refugiados de Camarões na Nigéria chegou a um total de 60 mil. Somente nas últimas duas semanas, 8 mil camaroneses tiveram que atravessar a fronteira para fugir da violência. Eles foram abrigados nos estados de Taraba e Cross Rivers, no leste e sul da Nigéria.

Neste fim de semana, a violência agravou-se com um ataque que matou 22 pessoas. Algumas das vítimas, teriam sido queimadas vivas de acordo com os relatos. E mais da metade eram crianças.

Camaroneses que foram deslocados pelos ataques do Boko Haram aprenderam a fabricar artigos de couro para gerar renda.
Camaroneses que foram deslocados pelos ataques do Boko Haram aprenderam a fabricar artigos de couro para gerar renda. Foto: ONU/Eskinder Debebe

Fronteira

Até o momento, nenhum grupo assumiu a autoria do atentado.

Na semana passada, o Acnur informou que a expectativa é que o número de deslocados do país que procuram por abrigo aumente. Os refugiados contaram que mais pessoas ainda estão em áreas remotas da fronteira e podem estar tentando chegar à Nigéria.

Esse nova leva de camaroneses surgiu um pouco antes das eleições gerais no país  no fim de semana retrasado.  As pessoas estariam fugindo da violência entre forças de segurança e grupos armados.

Deslocamento

O Acnur revelou que o país já tinha apresentado um aumento do deslocamento interno nas regiões noroeste e sudoeste no último trimestre de 2019.

Muitos refugiados tinham ferimentos provocados por arma de fogo.

Segundo os recém-chegados, a maioria vem de áreas próximas à fronteira e atravessou savanas e florestas para chegar à Nigéria.

Aos 70 anos, William Ajili compartilha qualquer alimento que ele e sua família tenham com a família de refugiados camaronesa que ele hospeda em sua casa na Nigéria. A família fugiu da repressão separatista e da violência na região anglófona dos Camarões.
Acnur/Simi Vijay
Aos 70 anos, William Ajili compartilha qualquer alimento que ele e sua família tenham com a família de refugiados camaronesa que ele hospeda em sua casa na Nigéria. A família fugiu da repressão separatista e da violência na região anglófona dos Camarões.

Abrigos

Os refugiados estão sendo abrigados em escolas públicas, unidades de saúde ou com famílias locais. Os 51 mil registrados antes deste fluxo estão sendo hospedados em cerca de 87 comunidades locais nos estados de Akwa-Ibom, Benue, Cross River e Taraba.

O Acnur e parceiros estão fornecendo proteção, alimentação, subsistência, abrigo e assistência médica em outros quatro assentamentos.

A agência da ONU alerta que comida, abrigo e assistência médica continuam sendo necessidades urgentes. As escolas também não conseguem acomodar todas as novas crianças refugiadas.

Segundo estimativas da ONU, mais de 679 mil pessoas estão atualmente deslocadas internamente nas regiões noroeste e sudoeste de Camarões, além dos quase 60 mil, que atravessaram a fronteira, buscando asilo na Nigéria.