António Guterres respondeu a jornalista durante entrevista coletiva em Adis Abeba, onde participa do Encontro de Cúpula da União Africana; após Comissão Eleitoral do país lusófono ter declarado vencedor, Umaro Sissoco Embaló, Supremo Tribunal do país pediu que resultado fosse reexaminado antes de uma declaração final; chefe da ONU também elogiou esforços de Angola na mediação política dos Grandes Lagos; logo depois, ele participou de apresentação de livro sobre mulheres defensoras da paz.
O secretário-geral das Nações Unidas afirmou que a organização está aguardando, de forma serena, a conclusão do processo eleitoral na Guiné-Bissau.
Após o segundo turno, da eleição presidencial em dezembro, a Comissão Eleitoral do país deu vitória ao candidatoUmaroSissocoEmbaló, com mais de 53% dos votos válidos.Mas o anúncio foi contestado no Supremo Tribunal do país.
Bom senso
António Guterres foi perguntando sobreo impasse daseleições guineenses durante um encontro com jornalistas,em Adis Abeba, na Etiópia.
“O impasse e a crise política foi naturalmente algo que nos preocupou profundamente, que durou muito tempo. É, no entanto, preciso reconhecer quea Guiné-Bissau tem atravessado crises políticas, mas tem evitado que elas se transformemnumconflito armadoao contrário do que aconteceu emmuitos outros países.Portanto, nesse aspecto, eu quero prestar uma homenagem ao povo guineense, que é um povoque tem revelado com todas essas complicações políticas um grande bom senso.Em segundo lugar: neste momento, há um processo pendente. E nós aguardamos, serenamente, os resultados desse processopara que o processo eleitoral seja dado por concluído. E por isso, as Nações Unidas não tomarão, para já,qualquer iniciativa, esperando a decisão final.”
Cooperação
Ainda durante a entrevista, o secretário-geral tratou de outrostemas como o conflito na Líbia, a crise climática, a atual praga de gafanhotos no leste da África e a parceria da ONU com o bloco regional.
Ele estavaacompanhado de duaslíderes da organização no continente, a subsecretária-geral e representante para a União Africana,HannahTetteh,e a chefe da Comissão Econômica para África,VeraSongwe.
Guterres contou que as Nações Unidas apoiam, inteiramente, os esforços do continente para avançar com paz, prosperidade e direitos humanos.
As duas organizações discutiram a cooperação com base na Agenda 2030, da ONU, e na Agenda 2063, da União Africana, visando o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O subsecretário-geral afirmou que a África não pode continuar sofrendo com regras injustas de comércio e financeiras. Paraele, ocontinente precisa de uma globalização justa e a Área Continental de Livre Comércio para a África será fundamental para alcançar esta meta.
UN Photo
Chefe da ONU destaca necessidade urgente de igualdade entre mulheres e homens
As duas entidades debateram a crise climática e como os africanos têm arcado com as consequências das emergências do clima, quando o continente participa tão pouco nas causas desses problemas. Guterres afirmou que éprecismoum compromisso global para alcançar a neutralidade em carbono até 2050 incluindo pelos grandes emissores de dióxido de carbono no mundo.
Angola
Ao ser perguntado sobre os esforços de Angola para intermediar uma solução para a situação dos Grandes Lagos,Guteresafirmou apoiar inteiramente o trabalho do presidente angolano João Lourenço nessa área.
“Nós apoiamos a fundo essas diligências e as consideramos essenciais porque a estabilidade dos Grandes Lagos é vital para todo o continente africano, dada à localização geográfica, e dadas as interrelações que esta região tem com todo o resto do continente.”
O chefe das Nações Unidascomentou a atual invasão de nuvens de gafanhotos em várias nações do extremo leste da África e disseque existe uma relação entre a mudança climática e a praga de gafanhotos do deserto que está acometendo a Etiópia e o lestedo continente.
ONU News
O presidente de Angola, João Lourenço, no primeiro dia do debate de alto nível da 74ª sessão da Assembleia Geral.
Esperança
O aquecimento dos mares, por exemplo, traz mais ciclones que geram as condições perfeitas para as nuvens de gafanhotos.Ele disse que a ONU está pronta para assistir as vítimas da pragae pediu à comunidade internacional que assegure o controle da infestação, enquanto há tempo.
Mas o secretário-geral também sinalizou momentos de esperança com as eleições na República Democrática do Congo, em Madagáscar e no Mali, realizadas no ano passado. Ele também lembrou que um acordo de paz está prestes a ser implantado na República Centro-Africana.
Guterres também citou o governo de transição do Sudão como um grande acontecimento e o apoio que o país recebeu da União Africana e da ONU.
Ele defendeu que o Sudão seja retirado da lista de Estados que apoiam o terrorismo.Para ele, existem outros desafiosperiogosos, e pediu esforços redobrados para reforçar a cooperaçãoinsitucionalda criselíbia, do Sahel e onde quer que seja preciso.
Terrorismo
António Guterres afirmou que o terrorismo na África não é só uma ameaça para todo o continente, mas também uma ameaça global, e que é dever de todo o mundo demonstrar solidariedade com os países africanos que estão na linha de frente do combate. O chefe da ONU lembrou que o caos na Líbia jamais teria se agravado não fosse a cumplicidade direta de alguns membros da comunidade internacional.
Para Guterres aparceriada ONU com aUniãoAfricanaéumadasmais importantes domundopara ouvrir osanseioseaspiraçõesdospovosdaregião.
Aoserperguntandoporumjornalistasobre ocombateaoterrorismonaÁfrica, Guterresexplicouque osgruposarmadosseaproveitamdelacunase dainstabilidadeemalgunscasosparaatacar.Eledisse que oimpactoda crise líbiapara toda a região do Sahel é evidente, especialmente para o Mali, Burkina Fasso e para o Níger. Elefirsouque as resoluções do Conselho de Segurança sobre o tema têm de ser respeitadas.
Osecretário-geralaposta nacooperaçãodaUniãoAfricanacomaONU eoutrosatoresparapromoverascondiçõesdeumdiálogoverdadeiroentre oslíbios. E quesomenteelespodemresolverseusprópriosproblemasnalíbia.GuterrescitouadecisãodaConferênciadeBerlimsobre aLíbiadecriartrêsgrupossoba égide da ONUumeconômicoquedeveprepararumareformaefetiva,ummilitarparaarticularumcessar-fogoreal e umgrupopolíticocomrepresentantesdasociedadecivil eautoridadeslíbias.
Mas para Guterres éessencialnestemomentoque o embargo de armassejarespeitadoeque asresoluçõesdoConselhodeSegurançasejamaplicadas.Ochefeda ONUacreditaque apresençatambémdemercenáriosnaLíbiaéumescândaloinaceitável.