Após deixar Angola, milhares de repatriados da RD Congo precisam de investimentos BR

Acnur quer mais apoio para operação de repatriamento que termina em março; mais da metade dos 37 mil refugiados congoleses que fugiram da violência na região congolesa de Kassai devem ser beneficiados pela iniciativa.
Milhares de pessoas repatriadas de Angola para a República Democrática do Congo, RD Congo, precisam de mais investimentos e apoio para melhorar a infraestrutura pública.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, destacou esta quinta-feira que faltam soluções duradouras para que estas pessoas reiniciem as suas vidas em território congolês. As necessidades incluem escolas, centros de saúde e serviços sociais.
Para o Acnur, esse tipo de assistência garantirá um retorno seguro e digno para uma população total de 19 mil refugiados congoleses, que passaram a voltar para as áreas de origem desde outubro do ano passado.
A agência prestou apoio com dinheiro, registro e transporte como parte do acordo com os governos de Angola e RD Congo que termina no primeiro trimestre de 2020.
Pelo menos 37 mil congoleses entraram em Angola desde que iniciaram confrontos entre grupos armados e forças da RD Congo na região de Kassai, em 2017. Os combates obrigaram cerca de 1,4 milhão de pessoas a abandonar as suas casas.
Entre as razões que levaram os congoleses a decidir retornar ao seu país estão a melhora da situação de segurança, a realização das eleições presidenciais, o diálogo entre o Acnur e os beneficiários de apoio e o início do ano acadêmico.
No início da saída voluntária de Angola, os congoleses caminhavam durante dias e dormiam à beira das estradas com os seus pertences. Algumas famílias retornavam espontaneamente sem saber onde ir ou temendo voltar para as suas casas.
Um dos exemplos de retorno expontaneo é o de Rose, 54 anos. Ela decidiu voltar à RD Congo com o marido e os filhos antes do início dos comboios rumo ao território congolês organizados pelo Acnur e seus parceiros.
A ex-refugiada disse ter deixado o território angolano juntamente com mulheres grávidas, idosos e pessoas em situação de fragilidade. Ao chegarem à RD Congo, eles receberam abrigo de algumas famílias e igrejas.
Chadrack Neta perdeu um dos cinco filhos no conflito. Outra filha sobreviveu ao ataque de um grupo armado, caminha com apoio de muletas e precisa fazer uma cirurgia, raios-X e outros exames médicos. A esposa, que foi baleada, depende de ajuda.
Entre os casos de congoleses retornados que carecem de ajuda está Assiya, que vive na cidade congolesa de Tshikapa. Com o marido Moussa e três filhos, ela enfrenta o dilema de buscar o que fazer após o fim do apoio do Acnur e das economias feitas em Angola.