ONU destaca problema de armas ilícitas de pequeno porte em África BR

Em encontro do Conselho de Segurança, alta representante para Assuntos de Desarmamento apontou “fluxo descontrolado” destes dispositivos; armas pequenas foram usadas em quase 50% das mortes violentas registradas entre 2010 e 2015, em todo o mundo.
As Nações Unidas alertaram sobre a circulação de um grande número de armas de pequeno porte e armamento leve que alimentam conflitos em todo o mundo, principalmente na África.
Durante um encontro do Conselho de Segurança, a alta representante para Assuntos de Desarmamento, Izumi Nakamitsu, disse que "em situações de conflito e pós-conflito, a maioria dos atos de violência são cometidos usando armas leves."
Segundo as Nações Unidas, cerca de 1 bilhão de armas de pequeno porte estão em circulação em todo o mundo. Estas armas foram usadas em quase 50% das mortes violentas registradas entre 2010 e 2015, o que representa mais de 200 mil assassinatos por ano.
Izumi Nakamitsu disse que "nenhum Estado é imune aos desafios impostos pelo fluxo ilícito de armas." Segundo ela, este tipo de armamento "é a arma mais usada em conflitos dentro dos países, bem como no terrorismo, crime organizado e guerras entre gangues".
Sobre o caso africano, a representante destacou os casos do Mali e República Democrática do Congo dizendo que muitas crises são agravadas pelo “fluxo descontrolado” deste tipo de armamento.
Segundo ela, o mundo "está testemunhando o impacto sério desses fluxos de armas ilícitas, em conexão com o extremismo violento, por todo o Sahel e partes da África Central."
A ONU também está preocupada com a situação na Líbia. Na terça-feira, em Genebra, o representante especial da ONU para o país, Ghassan Salamé, criticou as violações contínuas do embargo de armas. Para o secretário-geral, António Guterres, a situação é “inaceitável.”
No Sudão do Sul, o problema afeta a segurança do pessoal das Nações Unidas e dificulta a capacidade da operação de manutenção. No Haiti, Nakamitsu disse que existem mais de 270 mil armas de fogo ilícitas nas mãos de civis e que os crimes violentos “atingiram níveis inaceitáveis."
Segundo ela, o impacto é sentido em várias áreas além da segurança, como direitos humanos, desenvolvimento sustentável, igualdade de gênero e prevenção de conflitos.
A ONU tem se aliado aos esforços para combater este problema de várias formas.
O Escritório de Desarmamento e o Programa da ONU para o Desenvolvimento, Pnud, apoiam os países com várias iniciativas. A organização também é parceira da iniciativa “Silenciar as armas na África até 2020”, da União Africana. Em 2019, o Conselho de Segurança adotou a resolução 2457, em apoio à iniciativa.
Em 2018, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou uma nova Agenda para o Desarmamento exigindo "esforços mais coerentes". Um ano depois, ele criou a Entidade Salvar vidas, uma iniciativa de apoio a vários projetos nesta área. Os primeiros projetos-piloto deverão ser lançados em 2020.
O tema será um dos destaques da participação do secretário-geral na Cúpula da União Africana que acontece em Adis Abeba, na Etiópia, este fim de semana. A ONU também declarou setembro como "Mês da Anistia na África", pedindo mais esforços para recolher e destruir armas adquiridas de forma ilegal.