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Guterres diz que tensões e desaceleração econômica dificultam ação climática BR

Secretário-geral discursou em encontro do Grupo de Amigos do Clima
ONU/Eskinder Debebe
Secretário-geral discursou em encontro do Grupo de Amigos do Clima

Guterres diz que tensões e desaceleração econômica dificultam ação climática

Assuntos da ONU

Secretário-geral discursou em encontro do Grupo de Amigos do Clima, em Nova Iorque; chefe da ONU afirmou que Conferência dos Oceanos, que acontece em junho em Lisboa, deve ser usada “para reverter e acabar com o ataque aos ecossistemas e recursos marinhos do mundo.”

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse esta segunda-feira que os esforços de combate à mudança climática “estão sendo dificultados ainda mais por causa das tensões geopolíticas e da desaceleração econômica.”

O chefe da ONU discursou num encontro do Grupo de Amigos do Clima, em Nova Iorque. O grupo, criado pela Alemanha em 2018, reúne Estados-membros de todo o mundo com interesse nas questões da mudança climática.

Cerimônia de abertura oficial do segmento de alto nível da COP 25.
Cerimônia de abertura oficial do segmento de alto nível da COP 25, Foto: Unfccc/James Dowson

Esforços

Guterres lembrou que a ONU lançou em janeiro a Década de Ação para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, e que a ação climática será uma prioridade durante esses anos.

O secretário-geral disse que contava com os esforços de todos os Estados-Membros, mas também “com toda a constelação de parceiros, incluindo cidades, autoridades locais, setor privado, instituições financeiras, comunidade filantrópica e sociedade civil.”

Até o momento, 73 países se comprometeram com a neutralidade do carbono até 2050, incluindo a União Europeia. Ainda assim, esses Estados representam apenas 50% das emissões globais. Para Guterres, “esse compromisso deve se tornar universal.”

O secretário-geral diz que a Convenção da ONU sobre Mudança Climática, COP 25, que aconteceu em Madri, na Espanha, em dezembro, “foi uma decepção.” No encontro desse ano, agendado para dezembro em Glasgow, na Escócia, o mundo “não pode permitir outra reversão.”

Medidas

Sobre o setor empresarial e financeiro, António Guterres espera que “chegue em breve o momento em que se entenda que não é mais rentável investir na economia cinza.”

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Segundo ele, “os maiores emissores têm a responsabilidade de liderar, mas os sinais políticos são preocupantes.” Ele lembrou que é preciso acabar com as centrais a carvão, eliminar subsídios aos combustíveis fósseis e criar um imposto sobre as emissões de carbono.

Eventos

Segundo o secretário-geral, a comunidade internacional precisa aproveitar ao máximo os encontros agendados para os próximos meses.

A conferência de Transporte Sustentável, que acontece em maio em Pequim, na China, é “a oportunidade de alinhar os sistemas de mobilidade com um mundo neutro em termos de clima.”

No mês seguinte, Lisboa, em Portugal, acolhe a Conferência dos Oceanos. Para Guterres, o evento deve ser usado “para reverter e acabar com o ataque aos ecossistemas e recursos marinhos do mundo, incluindo a poluição por plásticos.”

Na Conferência da Biodiversidade, em Kunming, na China, em outubro, o mundo deve dar passos para proteger 1 milhão de espécies que estão em risco de extinção a curto prazo.

O secretário-geral terminou dizendo que os temas destes encontros são diferentes, mas “os vínculos entre clima, biodiversidade e desenvolvimento sustentável são verdadeiramente amplos.”