ONU prepara plano de ação para combater violência a civis na RD Congo
Iniciativa é baseada em relatório escrito pelo general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz; mais de 260 civis, principalmente mulheres e crianças, foram mortos nos últimos dois meses do ano pelo grupo armado ADF.
O Departamento de Operações de Paz da ONU está desenvolvendo um Plano de Ação para combater ataques a civis na área de Béni, na província de Kivu Norte, na República Democrática do Congo.
A medida é baseada no relatório do general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz entregue à ONU esta semana.

Objetivo
Em entrevista à ONU News, Santos Cruz afirmou que a avaliação “fala sobre as dificuldades para vencer as barbaridades” cometidas pelas Forças Democráticas Aliadas, ADF na sigla em inglês, um grupo armado que atua na região.
“Esse aí é um conflito que não tem o risco de escalada. O que ele tem o risco é da ADF cometer crimes bárbaros, como vem fazendo. Mais de 200 pessoas mortas em dois meses, com requintes de crueldade. Com inclusive crianças pequenas mortas com facões e machados. Uma coisa bárbara. Então, não é uma questão de escalada, é uma questão de contenção desse grupo que é uma mistura de fundamentalismo, com grupo armado e crime organizado também.”
Sugestões
A avaliação concluiu que a proteção de civis requer uma resposta abrangente, envolvendo todos os componentes da Missão da ONU, Monusco, da Equipe Nacional da ONU na RD Congo e outros parceiros.
A avaliação de Santos Cruz recomenda que todas as partes “coordenem suas ações para melhorar a mentalidade, as capacidades e a mobilidade da Brigada de Intervenção da Monusco.”
Segundo o estudo, essa cooperação reforçada “é essencial para sustentar os ganhos obtidos pelo exército congolês” durante a última ofensiva.
Além das operações militares, a avaliação recomenda uma estratégia abrangente entre o governo e a Monusco, no nível político.
Avaliação
O relatório foi encomendado em dezembro pelo subsecretário-geral da ONU para Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix.
A equipe de avaliação incluiu especialistas em política, forças armadas e logística. O documento também traz sugestões sobre os ataques contra os trabalhadores humanitários que integram a resposta ao ebola.
Os especialistas concluíram que, apenas nos meses de novembro e dezembro, mais de 260 civis, principalmente mulheres e crianças, foram mortos por combatentes da ADF em ataques brutais, principalmente à noite.
A avaliação concluiu ainda que o alto número de vítimas foi uma das causas principais das manifestações contra a Monusco, no Kivu Norte, incluindo a destruição e saque de um escritório da Missão, em Beni, em 25 de novembro.