Quase mil migrantes e refugiados devolvidos à Líbia desde 1º de janeiro BR

Migrantes retornam ao cenário de violência em Trípoli e a centros de detenção; agravamento da segurança e da situação humanitária são principais razões para as partidas através do Mediterrâneo com destino à Europa.
Pelo menos 953 migrantes foram devolvidos às áreas costeiras da Líbia nas duas primeiras semanas de 2020.
A Organização Internacional para Migrações, OIM, destaca que esse grupo inclui 136 mulheres e 85 crianças que tentavam atravessar o mar Mediterrâneo e chegar ilegalmente à Europa.
Em nota publicada esta terça-feira, em Genebra, a agência revela que grande parte dessas pessoas teve que regressar à capital líbia Trípoli. Outras foram levadas para centros de detenção.
A agência destaca que as embarcações de busca e salvamento operadas por ONGs relataram ter resgatado outras 237 pessoas.
Este ano, mais de mil migrantes deixaram a Líbia pelo mar devido a confrontos, considerados os mais graves desde o início dos combates há nove meses.
Nos postos de desembarque, os migrantes revelaram aos funcionários da OIM que também tentam deixar o país devido à piora da situação humanitária.
No mesmo período do ano passado, 23 corpos foram recuperados pela guarda costeira e nenhum migrante foi devolvido à Líbia. O “aumento alarmante” de partidas acontece em meio a dificuldades de busca e resgate no mar Mediterrâneo.
A OIM lembra que tem pedido o fim do sistema de detenção e a liberação ordenada de migrantes. A agência quer soluções alternativas para proteger a vida e aliviar o sofrimento das pessoas que vivem em condições desumanas nesses locais.
As ações na Líbia incluem acompanhar esses casos e dar ajuda de emergência aos migrantes, incluindo assistência básica e exames de saúde nos pontos de desembarque.
Mais de mil migrantes que se inscreveram no programa voluntário de Retorno Humanitário continuam na Líbia depois da piora na segurança. Essa situação levou a interromper o transporte aéreo de migrantes.
O chefe do Escritório da OIM na Líbia, Federico Soda, lembrou que as operações e os programas no país continuam afetados, especialmente aqueles que garantem o movimento seguro de migrantes para pontos de trânsito e aeroportos.
Para o representante, é preciso um grau mínimo de segurança para ajudar cerca de 500 pessoas já registradas para a voltar para casa nos próximos dias.