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OMS mantém emergência internacional por risco de expansão do vírus da pólio BR

Uma profissional de saúde se prepara para imunizar uma jovem em uma escola primária no distrito de Busia, no Uganda.
© Unicef/Zahara Abdul
Uma profissional de saúde se prepara para imunizar uma jovem em uma escola primária no distrito de Busia, no Uganda.

OMS mantém emergência internacional por risco de expansão do vírus da pólio

Saúde

Especialistas mantiveram declaração por mais três meses; Afeganistão, Paquistão e Nigéria continuam com risco de transmissão de vírus selvagem; Já Angola e Moçambique estão expostos ao vírus proveniente da vacina da poliomielite.

A Comissão Global Independente para a Certificação da Erradicação da Poliomielite destacou que o risco de disseminação internacional do vírus continua sendo uma emergência de saúde pública de interesse internacional.

Esta conclusão marcou o mais recente encontro de membros, assessores e representantes de Estados-membros da Organização Mundial da Saúde, OMS, em Genebra.

Profissional de saúde do Unicef usa uma caneta para marcar o polegar de Ajeda Mallam, de 6 meses, que acaba de ser vacinado contra a poliomielite em um campo para pessoas deslocadas internamente, no nordeste da Nigéria.
Profissional de saúde do Unicef usa uma caneta para marcar o polegar de Ajeda Mallam, de 6 meses, que acaba de ser vacinado contra a poliomielite em um campo para pessoas deslocadas internamente, no nordeste da Nigéria. Foto: Unicef/Andrew Esiebo

Recomendações

O grupo de especialistas quer que as diversas recomendações temporárias, feitas há cinco anos para conter o risco de transmissão do vírus da pólio, continuem sendo observadas por mais 90 dias.

De acordo com a Comissão, após casos recentes de transmissão do vírus selvagem, em novembro, o risco persiste no Afeganistão e no Paquistão. A Nigéria está na mesma situação após ter notificado o último paciente em setembro de 2016.

Já os países de língua portuguesa, Angola e Moçambique, estão no grupo de 17 nações com risco de circulação do vírus da pólio derivado da vacina, conhecido como cVDPV. O caso angolano foi detectado em outubro passado, enquanto o último paciente de Moçambique foi registrado em dezembro de 2018.

Apesar das preocupações quanto à longa duração desta situação, os especialistas dizem que ela é extraordinária por causa do “risco contínuo de disseminação internacional” e da necessidade de uma resposta coordenada.

Ganhos 

Entre os fatores para manter a emergência internacional estão o aumento da expansão do vírus da pólio do tipo 1 além-fronteiras. Os especialistas explicaram que houve perdas em alguns ganhos dos últimos anos.

Neste momento, esse risco está no ponto mais alto desde 2014, momento em que o vírus da pólio foi declarado uma emergência internacional.

Crianças recebem vacina contra a poliomielite em Cabul, no Afeganistão.
© Unicef/Frank Dejongh
Crianças recebem vacina contra a poliomielite em Cabul, no Afeganistão.

Crianças

Em 2019, o tipo 1 do vírus da pólio se espalhou do Paquistão para o Irã e o Afeganistão. Mais recentemente, a circulação foi observada do Afeganistão para o Paquistão e aumenta o ritmo de casos que vão sendo confirmados.

A OMS alerta que também tem crescido o número de crianças não-vacinadas no Afeganistão havendo “um risco de um grande surto, se nada for feito”.

Para a Comissão, ainda é preciso fazer reformas urgentes no plano do Paquistão para travar a pólio. Esse processo que já está em andamento pode levar algum tempo até um controle mais eficaz da transmissão e se chegar à erradicação.

O documento da OMS aponta ainda para um aumento da resistência de comunidades e em nível individual aos programas de combate à poliomielite.

Campanha de vacinação contra a poliomielite em Moçambique, no distrito de Molumbo.
© UNICEF/Claudio Fauvrelle
Campanha de vacinação contra a poliomielite em Moçambique, no distrito de Molumbo.

Emergências

Entre os fatores estão a queda da imunidade do vírus do tipo 2, vários surtos surgidos em emergências, desafios na vacinação de rotina, lacunas de vigilância e falta de avaliação.

O movimento das populações também expõe as populações ao risco de contrair o vírus da pólio, porque estas se deslocam por razões familiares, sociais, econômicas, culturais ou em busca de segurança.