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Situação de civis na Síria pior que no início do ano, diz secretária-geral assistente BR

Secretária-geral assistente para assuntos humanitários, Ursula Mueller.
Foto: ONU/Rick Bajornas
Secretária-geral assistente para assuntos humanitários, Ursula Mueller.

Situação de civis na Síria pior que no início do ano, diz secretária-geral assistente

Paz e segurança

Ursula Mueller do Escritório de Assistência Humanitária falou ao Conselho de Segurança, na quinta-feira, sobre cenário "alarmante" em Idlib; famílias estão queimando pneus, roupas velhas e outros utensílios domésticos para se aquecer.  

As Nações Unidas fizeram um alerta ao Conselho de Segurança sobre a situação dos civis na Síria. Num discurso aos 15 países-membros do órgão, a secretária-geral assistente para assuntos humanitários, Ursula Mueller, contou que a situação humanitária enfrentada pelos civis está "pior do que quando o ano começou".  

Criança refugiada um acampamento de deslocados em Idlib.
Criança refugiada um acampamento de deslocados em Idlib. Foto: Unifeed

Mueller descreveu um cenário "alarmante" de forças do governo que atacam áreas controladas por grupos armados não-estatais. Estes, por sua vez, intensificaram as ações contra as áreas controladas pelo governo nas cidades de Idlib e Aleppo.

Consequências

A vice-chefe humanitária explicou que "civis de ambos os lados da linha de frente sofrem as consequências”, assim como funcionários de instalações médicas.

Segundo o Escritório das Nações Unidas de Assistência Humanitária, Ocha, desde março de 2011, a Síria enfrenta um conflito que causou sofrimento incalculável a mulheres, homens e crianças e forçou mais da metade do país a deixar suas casas.

Frio

Relatórios recentes da agência revelam que nas últimas semanas, na região noroeste, a violência deslocou até 60 mil pessoas. Mueller contou que “a chuva, o frio e o inverno aumentaram as dificuldades de muitas famílias deslocadas e de suas comunidades anfitriãs.”

Fora isso, a falta de aquecimento fez com que famílias de Idlib tenham que queimar pneus, roupas velhas e outros utensílios domésticos para se aquecer.  

Segundo o Ocha, as organizações humanitárias estão fazendo todo o possível para ajudar os mais vulneráveis, inclusive com assistência alimentar a famílias recém-deslocadas e serviços de saúde e proteção de emergência.

Menina segura bebê em escola que virou abrigo em Ar-Raqqa, na Síria
Menina segura bebê em escola que virou abrigo em Ar-Raqqa, na Síria. Foto: Unicef/Bakr Alkasem

PMA

Ursula Mueller afirmou que nos últimos meses, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, aumentou o número de pessoas que estão recebendo ajuda todos os meses para mais de um milhão.

Ela alertou que embora a violência tenha diminuído, recentemente, no nordeste da Síria, a situação humanitária "continua séria". Ali "o acesso humanitário rápido e desimpedido permanece essencial" para a resposta humanitária em andamento, que atende cerca de 1,8 milhão de pessoas.

Custos

Chamando a atenção do Conselho de Segurança para três tendências que podem se tornar mais significativas em 2020 para civis sírios, Mueller citou em primeiro lugar a "vasta escala" das necessidades humanitárias. Ela disse que projeções atuais mostram que cerca de 11 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária regular, 5 milhões em situação crítica, a um custo estimado de US$ 3,3 bilhões.

A estimativa é que sejam necessários US$ 5,2 bilhões para ajudar cerca de 5,6 milhões de refugiados sírios, dos quais mais de 70% vivem na pobreza.