Chefe da ONU diz que comunidade internacional deve fazer “muito mais para assumir a responsabilidade” pelos refugiados BR

No primeiro Fórum Global de Refugiados, António Guterres destacou que são necessárias "promessas ousadas e concretas" para garantir apoio mais equitativo aos refugiados; mundo vive momento de deslocamento recorde.
Em seu discurso na sessão de abertura do primeiro Fórum Global de Refugiados, o secretário-geral da ONU disse que a comunidade internacional deve fazer muito mais para compartilhar a responsabilidade por milhões de refugiados em todo o mundo.
António Guterres afirmou que "a gratidão não é suficiente neste momento de turbulência” e que são necessárias promessas "ousadas e concretas".
25,9 milhões de pessoas foram forçadas a fugir de seu país.37 mil pessoas se deslocam diariamente.1/3 dos refugiados do mundo vivem nas regiões mais pobres.Algo tem que mudar. E essa mudança é nossa. Acompanhe o Fórum Global sobre Refugiados aqui: https://t.co/5DpyaGtmrf pic.twitter.com/HYrqYtbvZ1
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O Fórum, que acontece em Genebra, na Suíça, é coorganizado pela Agência da ONU para Refugiados. O objetivo da reunião é transformar a resposta à situação dos refugiados num momento de deslocamento recorde.
Para o chefe da ONU, mais do que nunca o mundo precisa de “cooperação internacional e respostas práticas e eficazes.” Para ele, são necessárias “melhores respostas para quem foge e uma ajuda melhor para as comunidades e os países que os hospedam."
Atualmente, de acordo com a Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, 70,8 milhões de pessoas são deslocadas à força em todo o mundo, incluindo 25,9 milhões de refugiados. Mais de metade deles são crianças.
Guterres, que também atuou como alto comissário da ONU para refugiados de 2005 a 2015, disse que "este é um momento de ambição, é um momento para abandonar um modelo de apoio que muitas vezes deixou refugiados por décadas com suas vidas em espera".
Para o atual chefe do Acnur, Filippo Grandi, a pobreza, a desigualdade e a crise climática estão acelerando os conflitos e os deslocamentos, enquanto "crises de longa data parecem cada vez mais intratáveis".
Para Grandi, uma abordagem fragmentada e desequilibrada da questão dos refugiados significa que os países com mais recursos atribuem responsabilidade aos países em desenvolvimento que são "menos capazes de lidar" com o problema.
Ele defende que é necessária “uma visão abrangente, para inspirar e envolver pessoas e instituições em toda a sociedade, uma ampla aliança de governos, comunidade de ajuda, empresas, instituições de desenvolvimento, sociedade civil, grupos religiosos, academia, esportes e artes e os próprios refugiados”.
O alto comissário acrescentou que a Pacto Global sobre Refugiados, aprovado pela Assembleia Geral da ONU há um ano, abre caminho para que todos assumam responsabilidades e desempenhem um papel. Grandi acredita que durante o Fórum seja possível "antecipar uma vasta gama de promessas e iniciativas inovadoras que ajudarão a transformar a resposta às crises de refugiados".
Segundo o Acnur, o Fórum está reunindo 3 mil pessoas, incluindo refugiados, chefes de Estado e de governo, líderes da ONU, instituições internacionais, organizações de desenvolvimento, líderes empresariais e representantes da sociedade civil.
Até sexta-feira, dia de encerramento do Fórum, serão realizados eventos especiais e diálogos de alto nível que se concentrarão em seis áreas principais. Elas incluem compartilhamento de responsabilidades, educação, empregos e meios de subsistência, energia e infraestrutura, soluções e capacidade de proteção.
Nesta segunda-feira, no primeiro dia do evento, o setor privado fez uma promessa de US$ 250 milhões em assistência aos refugiados. Ao todo, 30 organizações se comprometeram com investimentos em projetos que envolvem educação, treinamento, empregos, serviços jurídicos e assistência financeira.