Guterres destaca exemplo de Moçambique para mostrar importância de fundo de emergência da ONU BR

Em 2019, fundo permitiu mobilizar US$ 20 milhões poucas horas depois do ciclone Idai atingir o país lusófono; esse ano, pessoas de 44 países foram ajudadas; Assembleia Geral pretende angariar US$ 1 bilhão para atividades em 2020.
Desde que foi criado em 2005, o Fundo Central de Resposta de Emergência da ONU, Cerf, já distribuiu mais de US$ 6 bilhões em assistência humanitária em mais de 100 países e territórios.
Esta segunda-feira, as Nações Unidas organizaram uma conferência de doadores de alto nível para apoiar o Cerf. Na abertura, o secretário-geral disse que o fundo “tem funcionado bem nos últimos 13 anos.”
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UNCERF
Em 2019, a iniciativa apoiou pessoas em 44 países, do Iêmen ao Afeganistão e à Colômbia. Segundo António Guterres, uma contribuição para o Cerf “é um dos investimentos mais eficazes em ações humanitárias, provavelmente o mais eficaz.”
O secretário-geral afirmou que este é “o único fundo de emergência global suficientemente rápido, previsível e flexível para chegar a dezenas de milhões de pessoas.”
Guterres lembrou os dez anos em que foi alto comissário para Refugiados, dizendo que “o Cerf era um instrumento precioso” para o trabalho da agência. Ele apontou que o fundo “era rápido, não burocrático e às vezes o único recurso disponível, porque os outros chegavam tarde demais.”
Em 2019, o secretário-geral viu os impactos do Cerf quando visitou Moçambique em julho para verificar os efeitos de dois ciclones que atingiram o país no início do ano.
Em março, poucas horas depois da chegada do ciclone Idai, o fundo liberou US$ 20 milhões para os parceiros humanitários em Moçambique, Malawi e Zimbábue. Semanas depois, quando o Kenneth chegou às Ilhas Comores e Moçambique, enviou US$ 13 milhões para a região.
António Guterres disse que “a crise climática está causando furacões, ciclones e secas mais frequentes e mortais em todo o mundo” e “o Cerf está na linha de frente da resposta.”
O chefe da ONU destacou que “o ritmo das crises foi implacável em 2019.”
O financiamento do Cerf ajudou a evitar a fome no Sudeste Africano, com US$ 45 milhões destinados à Etiópia, ao Quênia e à Somália. Na República Democrática do Congo, facilitou o combate ao ebola.
Para o secretário-geral, o fundo “também é uma tábua de salvação para as pessoas que vivem as crises mais prolongadas e negligenciadas, aquelas que não aparecem nas manchetes.”
Em 2019, a iniciativa forneceu um recorde de US$ 200 milhões a 21 crises subfinanciadas, que ajudaram cerca de 13 milhões de pessoas no Afeganistão, Bangladesh, Burkina Faso, Camarões, Chade, Mali, Ucrânia e Sudão.
Este ano, foi dada prioridade àqueles com deficiência, ajudando 350 mil pessoas.
A desigualdade de gênero continuou sendo uma prioridade, com US$ 214 milhões investidos em projetos de empoderamento e proteção de mulheres. Nos Camarões, por exemplo, financiou a compra de equipamentos e medicamentos necessários para saúde reprodutiva, apoio psicossocial e violência de gênero.
Ao encerrar, o chefe da ONU agradeceu a generosidade dos 127 países-membros e observadores que já contribuíram para o fundo. Também avisou que a escala das necessidades nunca foi tão grande desde a sua criação.
Segundo o Panorama Global Humanitário, publicado no início de dezembro, um número recorde de 168 milhões de pessoas precisará de ajuda humanitária em 2020. No total, serão necessários US$ 28,8 bilhões para essa resposta.
Há três anos, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução pedindo a expansão do financiamento anual do Cerf, de US$ 450 milhões para US$ 1 bilhão.
No ano passado, os doadores aumentaram suas contribuições para um recorde de US$ 554 milhões. Agora, o secretário-geral pede que seja cumprido o pedido da Assembleia Geral, e que US$ 1 bilhão seja arrecadado para as atividades do Cerf em 2020.