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Países sem acesso ao mar representam apenas 1% das exportações globais BR

Em 2016, a subnutrição nesses países atingiu uma taxa alarmante de 23,2%.
Unicef/Ashley Gilbertson
Em 2016, a subnutrição nesses países atingiu uma taxa alarmante de 23,2%.

Países sem acesso ao mar representam apenas 1% das exportações globais

Desenvolvimento econômico

Esses e outros desafios estão sendo discutidos durante a revisão periódica do Programa de Ação de Viena; secretário-geral da ONU e presidente da Assembleia Geral pediram mais apoio internacional; grupo de 32 países abriga 500 milhões de pessoas.

Cinco anos de progresso para os 32 países sem acesso ao mar estão sendo discutidos na sede da ONU em Nova Iorque essa quinta e sexta-feira.

O debate marca a revisão periódica do Programa de Ação de Viena, que tem uma duração prevista de 10 anos e foi adotado em 2014 na cidade austríaca.

Bolívia é um dos 32 países sem acesso ao mar.
Bolívia é um dos 32 países sem acesso ao mar. Foto: /Robert Brockmann

Desafios

Mais de 500 milhões de pessoas vivem nestes Estados-membros. Na África, a lista inclui países como Chade, Níger, Zâmbia e Zimbabué. Nas Américas, Bolívia e Paraguai.

Entre as 32 nações, 17 estão entre os países menos desenvolvidos.

Na abertura do encontro, o secretário-geral, António Guterres, disse que “todos estão cientes das desvantagens geográficas enfrentadas” por esses Estados. Além da falta de acesso ao mar, também existe a falta de outras formas de conectividade, como estradas, meios de transporte e ligações de internet.

Segundo ele, “tudo isso se combina para aumentar custos, diminuir oportunidades e impedir sua integração nas economias global e regional.”

De acordo com Guterres, “com parcerias, esses desafios podem ser superados.”

Soluções

O secretário-geral disse que é necessária uma maior coordenação de políticas, investimento, melhores infraestruturas, operações alfandegárias e uso da tecnologia. Para ele, o Programa de Ação de Viena é a ferramenta que a comunidade internacional precisa para resolver esses problemas.

Guterres defende que o documento é “um plano abrangente e ambicioso”, mas que ainda “há muito mais trabalho para ser feito.” Ele acredita que esta revisão periódica é “a oportunidade de avaliar e renovar o trabalho feito e criar maior coerência e sinergia” entre vários planos internacionais.

Progresso

Já o presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande, disse que deve ser dada prioridade ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 1, sobre erradicação da pobreza. Um terço da população destes países vive em pobreza extrema.

Lembrando que o crescimento econômico caiu nos últimos cinco anos, Muhammad-Bande disse que eles “correm o risco de serem deixados para trás.”

Estes países representam menos de 1% das exportações globais. Mais de 80% de suas exportações são de bens primários e recursos naturais.

A notícia foi confirmada pelo presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande, durante entrevista a jornalistas
O presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande, disse que deve ser dada prioridade ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 1, sobre erradicação da pobreza. , by Foto: ONU/Mark Garten

No Índice de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, o ranking dessas nações melhorou 1,5% entre os anos de 2014 e 2018.

Ainda assim, a classificação deles fica 20% atrás da média mundial. Dos dez países com a classificação mais baixa, sete não têm acesso ao mar.

População

O presidente da Assembleia Geral apontou ainda outros desafios. Ele disse que “muitas dessas nações continuam lutando nas sombras de injustiças históricas” e que são altamente vulneráveis ​​à mudança climática, enfrentando desertificação, seca e perda de biodiversidade.

Em 2016, a subnutrição atingiu uma taxa alarmante de 23,2%. Já a insegurança alimentar afeta 51,6% da população. Cerca de 40% das pessoas não têm acesso à eletricidade.

Indicadores de saúde, educação e igualdade de gênero mostraram alguns progressos. O índice de meninas inscritas em escolas primárias, por exemplo, subiu de 34,2% em 2010 para 43,4% em 2016.

Em áreas como infraestrutura e conectividade, o número de voos aumentou 8,4% desde 2014.