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RD Congo: surto de violência em área afetada por ebola deixa moradores em perigo BR

Chefe da Aliança das Civilizações pediu que espírito de compaixão, paz e respeito mútuo prevaleça
Acnur/Natalia Micevic
Chefe da Aliança das Civilizações pediu que espírito de compaixão, paz e respeito mútuo prevaleça

RD Congo: surto de violência em área afetada por ebola deixa moradores em perigo

Saúde

Ataques a comunidades no leste do país provocaram crise humanitária e ameaçam distribuição de ajuda; agências da ONU foram forçadas a suspender ajuda e transferir funcionários; mais de 275 mil pessoas tiveram de abandonar suas casas.

Pelo menos 275 mil pessoas nos arredores de Beni, uma cidade de 500 mil moradores, foram obrigados a abandonar suas casas devido a violência nesta região da República Democrática do Congo, informou esta sexta-feira a Agência da ONU para Refugiados, Acnur.

As tensões na província de Kivu do Norte aumentaram desde que forças lideradas pelo governo lançaram uma operação contra as Forças Democráticas Aliadas em 30 de outubro.

Perigo

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Segundo o Acnur, pelo menos 100 pessoas morreram em ataques violentos desde 2 de novembro.

Falando a jornalistas, em Genebra, o porta-voz da agência, Charlie Yaxley, disse que grupos armados estão atingindo alvos civis e populações deslocadas, matando dezenas de pessoas e deixando outras "presas no fogo cruzado."

As crianças precisam de apoio imediato, porque “muitas perderam os pais ou chegaram desacompanhadas.” Segundo o porta-voz, “o recrutamento forçado por grupos armados é uma ameaça real à segurança de crianças e mulheres, que também enfrentam violência sexual, abuso e risco de exploração.”

Yaxley disse que centenas de famílias estão dormindo em igrejas e escolas e as agências humanitárias “precisam de acesso imediato para apoiar a população afetada.”

Segundo ele, escolas e centros de saúde estão sendo atacados de forma continua, mesmo quando os grupos armados sabem que moradores estão se abrigando nesses locais.

Ajuda alimentar

Também esta sexta-feira, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, informou ter suspendido, de forma temporária, a distribuição de ajuda na região.

Em nota, o porta-voz da agência afirma que “a segurança dos trabalhadores e, mais importante do que isso, a segurança dos parceiros, não estava mais sendo garantida e o acesso era muito difícil.”

Como resultado, "milhares de pessoas não receberão assistência alimentar nos próximos dias."

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Saúde

A região é uma das mais afetadas pelo surto de ebola que atinge o país desde agosto de 2018. A Organização Mundial da Saúde, OMS, informou que, devido à insegurança, os níveis de vigilância caíram de 86% para 59% no início da semana.

Um porta-voz da agência, Christian Lindmeier, disse que "essas funções essenciais da resposta reduzem o risco de propagação do vírus.” Segundo ele, estas flutuações na vigilância “podem permitir o surgimento de novas cadeias de transmissão."

Na quarta-feira, um ataque a um centro de resposta ao vírus causou a morte de três funcionários, um policial e seis feridos. 

Durante a semana, cerca de um terço dos funcionários envolvidos na resposta ao ebola em Beni foram temporariamente transferidos para Goma.

A OMS pediu que os ataques "constantes" parassem, afirmando que progressos importantes das últimas semanas podem ser revertidos.

Até 26 de novembro, tinham sido confirmados mais de 3,3 mil casos de ebola no país, com a morte de quase 2,2 mil pessoas.